Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Polígono de cores.

Tudo começou com a prometida arrumação do armário de copos, que funciona mais ou menos como arrumação de guarda-roupa. Identifica-se as peças que não são usadas, se pergunta o motivo de não usar, percebe que alguns itens não fazem mais parte da fase atual, tira-os dali e abre um espaço.  

Copos separados, perguntamos para uns e outros se havia algum interesse em tê-los e a resposta foi não. Na ocasião, o tempo chuvoso impediu que os colocássemos na calçada com o bilhete indicando "zu verschenken" (algo como "de presente", para que se saiba que é uma doação, que quem quiser pode levar o que lhe for útil). Então peguei eu mesma alguns e comecei a cerimônia do corta-corta.

Riscar, submeter a choque térmico e fatiar vidro. Pode parecer estranho, mas é uma coisa que relaaaaxa...
Guardei os fundos dos copinhos, para alguma coisa que ainda não sei o que é e desenterrei as tintas do tipo vitral. Fiquei tempo demais sem fazer uma luminária com revestimento reutilizado e quis retomar este capítulo do meu trabalho.

Tudo o que estava cortado foi pintado.
De antemão já havia me decidido a fazer um polígono. Estava na dúvida entre pentágono e hexágono. Incapaz de decidir, passei a mão no livro "Arquitetura e Geometria Sagradas pelo Mundo - à luz do número de ouro", de autoria de Léonard Ribordy e publicado pela editora Madras. Ali fui ler sobre o número 5 e o número 6. Após a leitura, escolhi o número cinco - a base da luminária seria um pentágono. Segundo o autor, o número 5 se situa na alma do Universo e simboliza a involução do espírito para dentro da matéria, fazendo com que a vida e a física se associem para dinamizar o Universo. O pentágono, símbolo do número 5, contém a expressão do número de ouro, ao qual se atribui o valor da vida divina.

Formato escolhido, cortei um azulejo de acordo e colei-o sobre um pedaço de Wedi para isolar do calor da vela a superfície sobre a qual a luminária estará. Depois cortei e colei vidros lisos nas laterais dessa base. Com o corpo da luminária pronto, passei ao revestimento. Minha intenção era usar todos os vidros que havia pintado e, nos espaços que sobrassem, usaria Smalti transparente.


A parte externa da base revesti com pedras douradas e prateadas, já que ali não haveria transparência que justificasse usar qualquer material translúcido. Depois de tudo colado, me arrependi. Depois achei que ficou bom. Me arrependi de novo. Nesse exato momento, enquanto escrevo, não consigo sequer formar uma opinião sobre a decisão anterior.

Ser ou não ser? Eis a questão!
Não sei o que aconteceu durante o processo, mas no final sobrou um monte de vidro pintado e a luminária virou basicamente uma luminária de Smalti. Ah, a mente humana e seus caminhos...

Escolhas, abdução, distração, arrependimento - tudo faz parte do processo de criação e execução. Confirmar algumas teorias, derrubar outras, ficar na dúvida, errar - cada trabalho é uma mini jornada de aprendizado. Sobre a técnica e sobre mim.

O pentágono foi a única certeza.

Parte de baixo, a que ninguém vê. Ao invés de usar feltros, usei tampas de garrafas para fazer os pés. A superfície delas é bem lisa e não riscará o móvel sobre o qual estiver a luminária.

A dança das cores pela luz da vela.

Cada lado baila à sua própria música.

Já o sol faz diferente...
...e salpica o tecido com todas as cores, ao mesmo tempo.
Com exceção do citado pentágono, todo resto é para mim ainda uma dúvida, um questionamento intermitente que me impede de concluir o que  esta luminária é de mim ou para mim.


Porém, de alguma maneira, está tudo bem. Eu a contemplo e ela me recorda dos conflitos e dos erros. Mas não me aponta um dedo, não me acusa de nada. Apenas me lembra que ainda há muito a ser desvendado. Dar passos, manter-se caminhando é primordial para seguir na busca. Um pé de cada vez, com um pé só, às vezes até rastejando, não importa como se segue adiante. O movimento de seguir adiante é o que de fato importa.

Até a próxima!
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