Estava eu em um espetáculo de música de primeira classe, sentindo o privilégio de pertencer à espécie humana (a única que consegue extrair prazer da música), quando me dei conta de que o prazer de estar ali não vinha somente da música, mas de uma grande quebra de padrões que a maioria de nós carrega. Havia à nossa frente artistas cujo caçulinha já acena de perto para os 60 anos. Os demais rumam firmes, fortes e com toda dignidade para os 70 anos. São momentos em que você olha alguém e pensa "quando eu crescer, quero ser igual a ele". Aquela visão foi um sopro de vitalidade.
Desde que nascemos já nos deparamos com prazos para tudo. Para deixar de mamar, para deixar as fraldas, para ir à escola, para entar na faculdade, para namorar, para casar, para se separar, para ser bem sucedido, para ter filhos, para ter netos, para parar de trabalhar, para ficar doente e para morrer. Cai um pacote em nossas cabeças com várias fases dentro. Como não há manual do proprietário para nossa existência vamos seguindo o roteiro que está lá, tal qual a nossa amiga (agora mais íntima) operadora de caixa. Temos aqui uma grande contradição: não há regras para a vida (não há manula). Correto. Contudo vivemos cada dia no cumprimento de regras. Seria um paradoxo dos mais birutas. Digamos que você está em uma fase da qual gosta muito. É provável que em algum momento coloque ali um ponto final porque está na hora de...(alguma coisa). Parece uma auto-zombaria, não? É como dizer que não faz bem ser feliz por muito tempo.
Tinha à minha frente uma banda que é chamada pela mídia de avós do seu gênero musical. Esquecendo esta necessidade incessante de classificar tudo com base em algum pré-requisito supérfluo, o que eu via eram cinco pessoas com muito tesão no que estavam fazendo. Não há motivos para que se aposentem. São muito bons naquilo que fazem. Parariam para ver o tempo correr? Não. Continuam produzindo música de qualidade ao longo de décadas e arrebatando gerações. O melhor de tudo é que isto não é exclusividade de ninguém. Nada te impede de seguir caminhos que tragam muita paixão. Ainda que ninguém à sua volta tenha a coragem de fazê-lo não significa que é errado. Repare que aquelas pessoas que buscam sua própria luz são a inspiração para todo o resto. Esta é uma forma bem bacana de mudar o mundo: inspirando pessoas pelo simples fato de se sentir pleno, realizado, apaixonado pela vida e buscando sempre mais. Se você quer tentar, não faça disso também um roteiro pronto com protocolos a seguir. A vida de pessoas que inspiram não é um cotidiano de Pollyana que tomou Ecstasy. Ninguém dorme e acorda abraçando árvores, mas é possível cultivar atitudes e fazer escolhas compatíveis com a sua própria verdade. Dica para quem quer começar: escolha um modelo para se identificar. Observe-o e entenda qual aspecto dele lhe causa admiração. Observe-se e veja se há pequenos ajustes que possam ser feitos para que você caminhe na direção que dá mais prazer. Mais importante de tudo: se gerou desconforto, pare. Imposições não fazem ninguém mais alegre. Especialmente a imposição de ser feliz.
Abaixo, meus inspiradores.
Você sabe que outro dia mesmo eu estava vendo TV e ao me deparar com a transmissão do Rock in Rio pude ver um grupo que gostava muito há anos atrás, o Guns N’ Roses, e esperei para ver o cara que eu apreciava antigamente. Nossa, repentinamente, entra no palco uma figura, gorda e totalmente diferente da imagem que eu tinha de anos atrás. Aí me dei conta que os anos passam para todos e que mesmo assim o importante é disseminar algo de bom para as pessoas, e é isto que ele, o cantor, estava fazendo sem se importar com seu corpo, com sua voz dilapidada pelo tempo, naquele momento via-se claramente que ele desejava fazer o som dele e levar a loucura todos que desejassem. E isto me fez lembrar de coisas que também fiz no intuito de me fazer feliz, faculdade, moto, tatuagem, artes marciais, reiki, estudos herméticos, enfim, conhecimento em várias áreas do saber desde as mais elementares até as mais transcendentais. E fazendo tudo isto me deparei com a necessidade de ajudar outras pessoas, esta talvez a experiência mais marcante da vida. E ai, me inscrevi como voluntário em vários projetos com este fim, doando meu tempo em prol da humanidade, beneficiando alguém sem olhar a quem. Acho que esta é a grande graça da vida. E quanto aos que me criticam, só posso dizer, sinto muito por não ser o modelo que se deseja rsssssss.
ResponderExcluirAnselmo
Adriana, adorei este texto, porque reflete exatamente o que penso e como me comporto.
ResponderExcluirAntes de vir espreitar o blog, estava subindo a bainha de um vestido, bem acima do que as normas ordenam.
Foi uma espécie de 2 em 1, isto é, eu que nunca na vida costurei, resolvi que era capaz, comprei uma máquina e ninguém me segura. Depois, a altura do vestido, politicamente correto falando, deveria ser pelo joelho. Só que eu me orgulho das minhas pernas e não vejo porque não mostrá-las. Mais, estou aprendendo alemão, bordando ponto de cruz,e sei lá que quantos mais desafios encararei.
Como se diz aqui, na minha terrinha, estou-me nas tintas para as normas!
O que eu quero é ser muiiito feliz!
Beijo da Nina
P.S. Evidentemente que sou tua seguidora e não me calo enquanto não me visitares!!!
Oba! Vamos trocar figurinhas!
ResponderExcluirBeijo da Nina
Oi Adriana,vim visitar este espaço e já estou seguindo ,seus Mosaico são lindo,
ResponderExcluirConvido você para visitr meu blog Chá da tarde
Gostaria de apresentar um trabalho seu,aceita?
Linda noite para você.
beijos
http://selmaris.blogspot.com