O tema dos últimos dias, para quem pensa, é a eterna indagação se está ou não no caminho certo. Para aqueles que não se sentem felizes, a pergunta é um pouco mais dramática: " o que estou fazendo da vida?". É incrível como nossas indagações podem mudar de cor ou tamanho, mas essencialmente são sempre as mesmas. Eu fico aqui me perguntado por que há lições que simplesmente não conseguimos aprender? Por gerações a fio o cerne dos dilemas permanece e o das respostas também. Mas se a seta que indica o caminho pisca à nossa frente o tempo todo, por que tanta dificuldade em seguir naquela direção?
O curioso é que somos capazes de aprender uma tonelada de coisas durante a vida. Já parou para reparar em tudo o que lhe foi ensinado durante toda a sua jornada acadêmica? Começou aprendendo a amarrar o cadarço do seu tenis Conguinha e foi até discussões dos elementos da macroeconomia mundial na era pós Euro, sendo que para chegar até aí aprendemos um ou dois idiomas, mergulhamos na genética e percorremos caminhos bem obscuros da física e da trigonometria. Isso sem falar das lições de cálculo I e II, este fenômeno do inconsciente coletivo. Agora veja bem, muito pouco ou nada disso nos auxiliou a sermos melhores filhos, amigos, irmãos, maridos, esposas, pais, mães e avós. Não sou contra o conhecimento e acho mesmo que morremos no dia em que decidimos para de aprender. Contudo há uma parte importantíssima que deixamos de lado: como lidar com emoções, como interpretá-las, como expressá-las, como lidar com as emoções dos outros, o que fazer com a torrente de sentimentos que nos invadem subtamente nas mais diversas situações. A lista é tão longa quanto aquela que esmiuçamos desde o jardim da infância até a formatura do MBA, mas a única coisa que ouvimos é "devemos ser felizes". Opa! Isto é um consenso, certo? Ãh...não extamente. Como assim? Bem, recebemos o pacote com o passo a passo e vamos seguindo. Ok, então para ser feliz eu devo usar esta roupa, jamais aquela, escutar esta música, fazer esta faculdade, morar nesta casa, nesta cidade, ter estes bens, viajar para este lugares com estas pessoas, ter este emprego, este carro, casar com aquela pessoa, ter estes filhos que deverão estudar nesta escola, usar estas roupas e não outras, escutar esta música....Que vergonha. Que vergonha!!!! Construímos e seguimos modelos de um pacote castrador, incapaz de abranger todas as nuances que existem em uma só pessoa, logo impossível de ser aplicado em gerações a fio. O patético desta história e que transmitimos esta doença de uma geração a outra. O desavisado que ousa dar um passo à direita ou à esquerda assume o risco de não se encaixar mais em meio algum ou desiste, paralisado pelo medo de viver o que realmente é. Pior ainda é que ficamos admirados com a história de pessoas que conseguiram romper este ciclo. Compramos seus livros e assistimos suas esntrevistas, venerando seus feitos como algo para poucos.
Este é o primeio liame que precisamos romper. Por que usar um sapato maior ou menos do que o seu número? Experimentemos a sensação de caminhar com um sapato que nos sirva e imaginemos como serão os nossos passos. O detalhe é que, justamente, romper com o que não serve não é simples. Na teoria é e bastante. Mas na prática a coisa complica. Sugestão do ponto de partida: um mergulho em si. Inicialmente despretencioso e depois cada vez mais profundo. Realmente acredito que é por aí, que seríamos pessoas melhores se entrássemos em contato com nosso âmago da mesma forma que calçamos os chinelos ao sair da cama. Acredito que quando conseguimos aprender a lidar com um aspecto nosso, mínimo que seja, aprendemos algo sobre o todo, algo que não foi ensinado nos 20 ou 30 anos que passamos achatando nossas bundas nos bancos escolares. Sim, é mais dífícil do que entender Teoria Geral de Sistemas, mas este estudo pode dar frutos que jamais sairiam dos seis meses de pesquisa daquela disciplina.
Temos medo de mudar? Muito! Afinal fora do pacote castrador não há parâmetros que te mostrem a direção ou o próximo passo e precisamos muito destes indicativos, afinal crescemos na busca deste tipo de aprovação. No fim, assim como no começo, trata-se de uma escolha. Para ganhar algo precisamos perder algo. Só não comece este processo enganado, achando que vai ser moleza. Se o seu negócio é mel na chupeta e churrasco no fim de semana, vai fazer outro MBA. Isso aqui vai exigir muito, muito mais.
Minha linda, primeiro, mas mesmo primeiro, essa taça, essa beleza com suspiros de Pompeia cujas ruínas tive a sorte de visitar.
ResponderExcluirQuebraste os parâmetros de beleza actuais quando a criaste, mas, oh! fatalidade, caíste inteirinha nos da beleza perene que imperava em Pompeia.
Para ser franca, acho que já está tudo inventado em termos estéticos e comportamentais. Acho, também, que o nosso contexto nos formatiza, mas, defendo que cada um é livre de exercer o livre arbítrio da escolha com as consequências que acarreta.
Com a crise económica, absolutamente dramática, que a Europa atravessa, rompemos ( eu rompi) com padrões pré-estabelecidos, concretamente, com comportamentos despesistas. Já aqui anunciei que decidi não fazer compras e, até ao momento, tenho sido bem sucedida nesse propósito.
Acontece que sou vaidosa, a roçar a fashion victim... Para manter o estatuto tenho-me reinventado e sentindo-me lindamente na minha pele, presumindo mesmo, que lanço tendências com coisinhas muito antigas.
É uma forma de escolha, de libertação, de afirmação e de prazerosa consciencialização.
Amiga, os teus textos são verdadeiros desafios.
Feliz, mas mesmo feliz, seria se tivesse a sorte de contigo conviver.
Muita paz, muita amizade, fortíssimo abraço da Nina
Minha amiga, como te admiro. A metamorfose de ascender a ser que brilha deixando para trás a morta-viva, usando as tuas palavras, tem umagénese complicada... falo por mim, sofrendo de alguma inércia quanto a decisões a tomar. Digamos que o meu trabalho de parto é prolongado, mas a expulsão, libertadora.
ResponderExcluirHá bem pouco tempo dei uma virada de 180 graus na minha vida.
O processo foi doloroso, mas o acto, extremamente libertador e, nem por um minuto me arrependi da decisão tomada.
Falo disso, quando falo de reinvenção.
Nós, humanos, somos abençoados com essa capacidade.
Não sei se terei de reinventar-me de novo, não sei.
Sei que se for forçada a fazê-lo, não tenho medo.
Essa força, suponho, é a minha maior riqueza.
Beijo, flor.
Nina
Oi Lu, linda peça !!!
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