Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

O amigo que não vê a primavera.

    Há um bom tempo, numa conversa de corredor, alguém falava que não entendia porque as pessoas festejavam tanto a chegada da primavera, enfatizando que nada mudava de um dia para o outro. Instantaneamente me lembrei que aquele é o meu modo de ver a passagem de ano. Sim, de um dia para outro nada muda, mas de um dia para três ou quatro outros dias alguma coisa muda e é incrível! A árvores aqui da rua, de totalmente peladas, ganham brotinhos e num piscar de olhos ostentam novas copas de um verde fluorescente. A despeito de toda a loucura climática que testemunhamos, da extinção das meia-estações, uma boa parte das plantas ainda se acha e se renova. Até a minha violetinha me surpreendeu com duas florzinhas rajadas depois de não sei quanto tempo sem florir. O cortado e supostamente falecido abacateiro lançou uma haste surpreendente, fênix, repleta de folhas em meio à demais plantas que ocuparam o seu lugar. E a lista de pequenos milagres segue com notável extensão. Para mim esta delicada explosão de vida é uma manifestação inconteste de amor. É uma mensagem nítida de esperança, de continuidade e possibilidade quando tudo parece irremediável.
    Essa simbologia veio à minha mente porque o hall da fama das coisas mais tristes que ouvi ganhou ontem uma afirmação que foi direto para o "top five". Nosso querido amigo disse que o amor não existe. Assim. Espera aí, para tudo! Semanas antes ele mesmo falou que buscava um amor, que queria envelhecer ao lado de alguém e coisa e tal. Amigão, sinto muito, mas não vai acontecer. É óbvio, não é? Ele supostamente busca algo no qual não acredita. Ai, ai, ai...nós humanos....
    Independento do sucesso ou fracasso afetivo do nosso colega, o que me fez pensar é se ele não percebe que o amor acontece a todo momento, em diferentes escalas, com diferentes formas. Será que ele não percebeu que o que era cinza ficou verde? Será que ele não viu o espetáculo dos Ipês amarelos? Desconfio que ele falou aquilo para gerar comoção, para que alguém resolva lhe provar o contrário. Não é possível que a sua desilusão seja tamanha e que ele decida que o inverno é para sempre. E aqui fico eu inconformada  com o fato de como alguém pode ficar alheio às manifestações concretas de vida  e preferir as manifestações vazias dos foguetórios de 31/12.


6 comentários:

  1. No meu modesto modo de ver as coisas acredito que tudo faz parte da vida, o florescimento das plantas, o nascimento dos animais, mesmo que sejam eles animais de estimação e que se encontre em cativeiro, um novo amor, ou mesmo os desencontros amorosos, também fazem parte da vida e todos podem ser motivos de comemoração. Assim, as comemorações, que por um momento podem parecer sem sentido algum, ganham sentido no momento em que se festeja a vida, de alguma forma, mesmo que na virada do ano ou no casamento de um conhecido, em um aniversário de uma pessoa querida, enfim, tudo isto é estar em comunhão com a vida, é perceber o que se tem ao redor e festejar, pelo simples motivo da festa, pelo simples sentimento de ter o que se festejar, isto, para mim, já é o bastante, não importa como, não importa quando, o importante é comemorar por qualquer motivo que seja e com isto ficar feliz, animado e se integrar à natureza, pois ela comemora a cada alvorecer, a cada nascimento, enfim, isto é viver.....

    ResponderExcluir
  2. Adriana, como diz a minha filha, "eu lhe amo" e não te conheço, nunca te vi, nunca encontrei a maior parte das centenas de pessoas com quem interajo e, no entanto, repito, " eu lhe amo". É este laço invisível, esta pressa de encontrar os teus escritos, esta admiração, a vontade de te entender, de nesta música acompanhar a tua dança. O amor existe. "Eu lhe amo".
    Viu?
    Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nina, querida, eu também "lhe amo" e não me canso desta sensação de regojizo que experimentamos ao constatar que o amor viaja por meios próprios e sempre chega aqueles que existem dentro de nossos corações e nossas mentes, ainda que fisicamente morem em outros lugares.
      :-))

      Excluir
  3. Adriana, querida, vejo que este estado de alma é comum a muitas mulheres, nesta época do ano, para alegria dos psiquiatras.
    Tenho dias! faço por reagir, mas,às vezes, não consigo, nem mesmo com chocolate. Sabes o que é aquela vontade estranha de sumir, de ficar invisível, transparente, flutuante? É a melhor definição que encontro ... para além dos suspiros profundos.
    Nunca mais chega janeiro!!!!
    Beijo

    ResponderExcluir
  4. Vim te ver!
    Apeteceu-me! Apeteceu-me muito!
    Para deixar um abraço e pedir outro. Que seja bem apertado, por favor.

    ResponderExcluir
  5. Adriana, quando as lágrimas se soltam,assim, em fios grossos, quando soluços escapam do peito, dói, mas liberta, descomprime. Poucas são as palavras que assim me tocam, amiga.

    ResponderExcluir

Olá! Tenho muito interesse em saber a sua opinião sobre esta postagem. Obrigada pela sua visita!