Existem vários aspectos no ser humano que não consigo entender. A necessidade de rituais é uma delas. Nos últimos dias quebrei a cabeça de todas as formas e confesso que ainda não entendo. Eles são variados. Existe um para cada fase da vida. Alguns tem origem nas religiões, outros em tradições sociais. Cada cultura possui sua gama de rituais. Os significados também são muito vastos. Alguns deles, quando situados em determinado contexto, eu consigo vislumbrar um sentido embora questione a sua necessidade, mas há outros tantos que não. Claro que aqueles catastróficos, como cortar uma parte da pessoa como símbolo de seu ingresso na idade adulta, sinceramente nem tento compreender. Mas há um outro tipo, quase inofensivo, que muito me intriga: comemorações de mudança de ano calendário. O único aspecto que consigo entender é a necessidade de existir esta divisão de dias, semanas, meses e anos. Justamente por entender isto a comemoração me parece um pouco desproporcional. Realmente não sei qual é a expectativa das pessoas. Ou melhor, eu sei. Elas desejam que nos primeiros minutos do ano novo sopre um vento diferente e sua sorte mude. Desejam que aqueles problemas com os quais não conseguiram lidar até então desapareçam ou que uma solução sem esforço bata à sua porta. Isto é muito diferente de ter esperança. Esperança é o sentimento que te mantém na luta, fazendo tudo o que deve ser feito, quando nada parece cooperar. Então você continua porque sente que o objetivo será alcançado. O que vejo não tem nada relacionado com isso. E o que torna tudo mais curioso é que aquele monte de determinações descabidas - o que vestir, que cor vestir, o que comer, quando comer, quanto comer, quem abraçar primeiro, pular, não pular, com um pé só, com os dois, etc. - vem intrinsecamente acompanhado de uma maldição velada. Se algum coisa der errado no ano que se inicia é porque você não comeu romã. Não a fruta inteira, mas doze sementes. Nunca numa colherada só! Uma semente em cada badalada da meia-noite. Até que não seria nada mal se a romã tivesse este poder todo. Você não precisaria de esforço algum na sua vida. Empenho, dedicação, determinação, muito trabalho, nada disso seria necessário. Bastaria a bendita romã. É aí que tudo fica bem estranho. Este comportamento, travestido de brincadeira, parece reforçar uma crença comodista muito típica do humano: esperar que tudo lhe seja dado. Acho muito pouco saudável. E o mais interessante é que é um fenômeno mundial. Pelo planeta afora há esta histeria coletiva com a mudança do calendário. Entendo que todos nós adoramos um pretexto para colocar uma roupa bonita, fazer uma reunião com pessoas queridas e desejarmos mutuamente coisas positivas. Mas passou um tanto assim da conta. É como se na receita do bolo sejam necessárias duas xícaras de açúcar e você passa a colocar cinco. Não é saudável, além de desnecessário. As medidas estão um tanto equivocadas. Se você faz um balanço da sua vida entre os dia 29 e 31 de dezembro, experimente fazer todos os meses do ano. A probabilidade de acertos nas suas escolhas também vai aumentar ao desenvolver o hábito da auto-análise. Aprender a se observar, cotidianamente, vai lhe trazer mais benefícios do que jogar doze uvas sobre o ombro direito. Aproveite sua vida diária para aprender com fatos ordinários. Não seja uma daquelas pessoas que precisa passar por um infarto agudo para vislumbrar um outro lado da existência, outros valores, outras possibilidades. Não espere a sorte chegar, faça a sorte chegar. Não se engane com futilidades, mesmo as pequenas, porque são elas que derivam para um universo de mediocridade e de equívocos sobre responsabilidade. Quer festejar tudo (ou nada)? Ótimo! Só não atribua poder àquilo que não pode ser. Quem pode realmente mudar alguma coisa em qualquer lugar é você. E nenhum bicho que "cisca para a frete" pode lhe tirar isso.
Driquinha querida! Que show!Vc nem me falou do seu blog seu tio foi quem me deu a boa notícia.Sucesso!Bjs da titia
ResponderExcluirQuerida titia:
ResponderExcluirEu jurava que vocês já sabiam desde o começo. Isto mostra que minha divulgação ainda é cegueta e manca de uma perna!
Muito beijos para você, tigresa!