Sim, eu sei que já falei aqui sobre tudo o que me encanta no outono (se quiser leia o texto "Minhas tardes de outono" de 2011). Mas não tenho como manter tudo isso aprisionado no peito. É bonito demais e seria um pecado não prestar atenção.
Trata-se de um vento diferente, de outras temperaturas e do sol mais lindo de todas as estações. Trata-se do convite para desacelerar, para contemplar, para sentir. Tudo muda. O azul do céu é degradê, as nuvens tem outra densidade. Tudo brilha, tudo cintila. A beleza é tanta que chama, grita para aproveitar a dia. A vontade é de sair voando pela janela, de ter uma boa companhia para, ao sol da tarde, conversar até escurecer.
Trata-se das gatas gozando de cada raio de sol, seguindo a luminosidade que caminha pela casa ao longo das horas. Elas estão certas e fazem o que eu tenho vontade de fazer. Trata-se de ter mais apetite e achar tudo mais gostoso, menos acordar cedo. Acontece que a cama fica quentinha e o corpo não quer deixar aquela lembrança de ventre para se equilibrar em duas pernas e lavar o rosto com água fria.
Trata-se de vislumbres mágicos ao pôr-do-sol, de se agasalhar bem à noite e tomar muito cuidado com o vento encanado. Trata-se de lavar as roupas de lã ou usá-las assim mesmo e espirrar tudo o que tem direito. Trata-se de ter bem menos gente fazendo caminhada de manhã. Com exceção do bloco dos senhores de cabelo branco que, mesmo chegando um pouco mais tarde, não deixam escapar nada da última rodada, nem da redução de juros, nem da situação na Grécia. Trata-se de ver o cachorros usando roupas durante os seus passeios e sentir uma peninha pela dignidade perdida. Trata-se de fazer bolo porque é gostoso ficar na cozinha aquecida e cheirosa. Trata-se de abrir a temporada de sopas e sentir aquele calor gostoso que aquece os pés e dá uma moleza boa.
Trata-se de ver as rajadas de vento levarem folhas sem destino que abrem espaço para mais sol passar. Trata-se de continuar tomando sorvete, porque não tem época para descobrir e aproveitar uma ótima sorveteria. Trata-se de carregar sacola pesada e subir as escadas sem suar, de andar de mãos dadas sem parar para enxugar.
Trata-se de se encantar com as cores da vida, de testar novas combinações de roupas e de jurar que ninguém está vendo o meião felpudo que mal cabe no tênis. Trata-se de fechar algumas janelas quando a tarde avança para que dentro continue gostoso. Trata-se de proteger os lábios para que não rachem e de hidratar mais os cabelos porque já chove menos. Trata-se de ter ainda mais dó dos bichos abandonados e de fazer a doação para a camapnha do agasalho.
Trata-se de ver a mudança, a transição e entender que isto é o que é a nossa vida: constantes mudanças e novas fases.
Adoro o outono, e com este texto, pude observar mais como ele é lindo!
ResponderExcluirBeijos Adri!
Saudades!!!
Débora
Nossa, me deu uma vontade do bolo quentinho com um pouco de sorvete que ninguém é de ferro, rssss.
ResponderExcluirFinalmente arranjei um tempinho para me deliciar com seu texto e viajar nas lembranças de muitos outonos ....
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