Qual a sensação que se tem ao repetir um erro cometido não uma, mas algumas, várias vezes? Quer saber a minha? Raiva, muita raiva de mim. Raiva da minha estupidez, da minha falta de lucidez, da memória fraca, fraquíssima! Vergonha de só então lembrar, no filminho que passa na cabeça, da última ocasião onde jurei profundamente nunca mais cometer o mesmo erro, uma vez que já sabia que a contra partida não vale a pena. Decepção comigo em perceber que não aprendi o que já deveria ter aprendido. Desgosto em sentir o peito dilacerado, sangrando, por ter passado por cima dos próprios valores, do autoconhecimento, num brutal desrespeito a mim. Não, estas sensações não valem a pena. Sentir-me um engodo não vale o sorriso alheio, não valem a suposta paz social.
Com a boca amargada pela autoagressão cometida tento vislumbrar a recorrência dos meus maus tratos. Pequenos, médios ou grandes, não importa, pois somam-se na alma que morre um pouco a cada episódio. O que nos impede de dispendermos um bom tratamento para conosco? Talvez entendamos errado a questão, já que amar-se não é mimar-se, satisfazendo os próprios caprichos, mas educar-se a fim de manter-se saudável em todos os âmbitos, principalmente, especialmente no quesito emocional.
Então fica muito clara a origem do charco podre no qual estamos. Nós, a sociedade (sim, amigo, a sociedade somos nós e não um elemento externo e alheio - eu sou bonzinho, a sociedade é que não presta), não evoluímos porque somos incapazes de exercer a civilidade e outros tantos atributos necessários ao bem-estar com nossa própria figura. Impossível, então, despender um tratamento decente a outra pessoa. Impossível!
"Amar ao próximo como a si mesmo" é mais do que uma conduta escolhida ou uma recomendação. É uma sentença que desvela nosso atraso. Lidamos porcamente com nossa questões pessoais e fazemos ainda menos do que isso com nossos iguais. Olhe a situação ao seu redor. O que vemos é fruto de pessoas (todos nós) que não conseguem se amar. Neste momento isto me parece nosso maior desafio. Se não conseguirmos entender a grandeza daquela frase, definitivamente não há salvação para nós, que continuaremos chafurdando em nossa própria miséria e indagando abobadamente "por quê?".
Adriana, querida, não vou perguntar nada ... sinto muito, apenas, sinto muito ver que não está bem.
ResponderExcluirVim aqui feliz, comunicando que lhe mandei uma mensagem por mail e encontro-a assim, mal, em baixo. Repito, sinto muito!
Leia o meu mail. Quem sabe te fará sorrir.
Beijo
No meu parco entendimento isto é uma questão de tentar evoluir, infelizmente isto é sempre uma questão complicada, uma vez que o respeito e o amor ao próximo significa aceitar o próximo com seus erros e defeitos que, ao nosso ver, podem ser enormes e, em contrapartida, aos olhos do terceiro pode ser a resposta mais básica a uma determinada situação. Como se vê aceitar a atitude do terceiro nem sempre é uma tarefa fácil, mas, na medida do possível, temos que tentar trocar de posição para ver se faríamos diferente se estivéssemos naquela situação e se tivéssemos as mesmas características do terceiro observado. Enfim, a vida em sociedade não é fácil, mas como ninguém faz nada sozinho, dependemos sempre do outro para tornar a vida mais fácil e benéfica. Remeto-me ao conto das criaturas dotadas de espinho que em um determinado inverno sentiram a necessidade de se aproximar um ao outro para não morrer de frio, escolhendo cada qual a aceitação do incomodo do espinho alheio ganhando com isto a manutenção de sua vida. Esta é a vida.
ResponderExcluirEspetacular a metáfora das criaturas com espinho. Isto é, também , a vida ... interagir com Anselmo que não conheço, mas reconheço, sempre que por aqui passo.
ResponderExcluirTambém adorei a metáfora, muito bem colocada ....
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