A jornada até aqui foi muito diversa. Desde os tempos de mumificação egoica dos anos escolares, passando pela liquefação emocional da adolescência, pela autoenganação da juventude até o despertar dos sentidos na fase adulta. Quando fiz a transição do mundo ortodoxo para o mundo heterodoxo achei que a tarefa estava concluída, sendo necessários apenas alguns ajustes de quando em quando. Mania besta esta de supor que tudo foi entendido. A viagem para dentro de si é feita de curvas, curvas fechadas e por isso as surpresas nunca param de chegar, como tortas jogadas na sua cara.
Se você ficar quieto no momento onde uma dúvida toma conta da sua mente, vai perceber a resposta pulando ali no canto. Às vezes é acompanhada de um luminoso intermitente. Ao olhar para isso, perceberá um resumo da sua vida, onde os momentos relevantes foram grifados com marca-texto. Sim, a resposta sempre esteve lá. Talvez sua constatação não seja confortável, mas a pergunta já foi respondida.
O "caldo" mais recente que tomei foi a sentença de que dentro da profissão que escolhi, preciso seguir uma vertente. Preciso desesperadamente. Por quê? Porque não dá mais para fingir que não sinto uma torrente de vibração quando rodeio o mosaico contemporâneo. É muito nítido agora. Sabe quando você trava contato com alguma coisa e tem aquela sensação de que o que você pensa/sente não só faz sentido como acaba de ser legitimado porque tem mais pessoas que pensam/sentem como você? É isso! Depois vem aquele sentimento de não ser mais aquela ervilha sozinha, esquecida no prato.
O caminho de aprendizado e aperfeiçoamento que se desenha à minha frente não assusta, porque esta é a constante de qualquer coisa que se faça. O que me causa temor é que vou caminhando para o heterodoxo dentro do heterodoxo e não sei muito sobre a aceitação dessa vertente. Contudo acredito que fico destinada à mediocridade se não der a devida atenção a este chamado, que é tão honesto. Assim prossigo, sentido todos os calafrios que uma transição pode causar e a profunda e dolorida paixão de, a cada dia mais, poder ser quem eu sou.
*Alusão ao poema "José", de Carlos Drummond de Andrade
Que bom que está se encontrando nessa profissão que é muito digna. Você realmente não é essa ervilha sozinha, com o passar do tempo você vai conhecendo outras ervilhas, às vezes demora, mas sempre tem uma pra te acompanhar!
ResponderExcluirSeja feliz sempre com o que você escolheu, e com certeza foi a melhor coisa que você fez!
Te adoro Dri!
Beijos,
Débora