Deve ter sido em 2013 que li pela primeira vez a frase "isto também passará". Era na postagem de fotos de um trabalho lindo, lindo que a Maria Helena Ferraz estava fazendo (veja aqui). Essas palavras me nocautearam. Acho que é isso que acontece quando uma verdade encontra eco em nós. Era tão óbvio, tão certo e tão ignorado até aquele momento. "Isto também passará. Nada é permanente, apenas o estado de mudança. A vida é um fluxo. Vamos celebrar!" Foi isso que ela escreveu. Eu não poderia imaginar palavras mais fortes a remover um véu de mistério sobre a existência. Dali em diante isso me acompanhou. Sempre. Repeti para aqueles que imaginei precisarem ouvir, repeti para mim e, confesso, dava mais ênfase na esperança fantástica que estes dizeres conferem quando os tempos são difíceis.
Esse fluxo inegável que é a vida me trouxe até aqui. Tive (e tenho) dificuldades que não imaginava. Nesse processo tão longo, rebuscado e pungente que chamo de adaptação, me vi oscilando entre extremos. Para cada ferida, um bálsamo. Para cada ódio, uma paixão. Para cada decepção, um encantamento. Para cada ceticismo, uma poesia e uma esperança.
E não é só o entorno que muda à frente de nossos olhos. Houve vezes (e ainda há) em que não me reconheço no espelho. Eu mudei. Estou mudando. Não me sinto no controle do que está acontecendo agora. Apenas sei que nada jamais será como antes. Assustada com a dimensão disso tudo em relação a mim, precisei entender que nos processos de mudança - começo, meio e sem fim - não cabe julgamento. Isso limita a coisa toda. Dizer se é bom ou ruim é pouco, é pequeno e não abarca significado algum. Tudo pode ser bom e ruim ao mesmo tempo.
E foi mais ou menos por aí que o outro lado daquela frase começou a falar com mais força para mim. Isto também passará. O que é imensamente bom também passará. E acho que só nessa altura do campeonato consegui abraçar a vastidão da afirmação. É uma contradição: quando tudo estava "controlado" a frase servia de consolo. Agora que tudo é descontrole, a frase serve de incentivo. Uma espécie de chamado para o momento presente e uma necessidade de autoentrega: mergulhar incondicionalmente no que é bom no momento em que acontece. Que aquilo que pesa nos ombros não obscureça aquilo que acena à alma.
Hoje entendo que um grau de desapego e um grau de entrega são necessários para navegar nesse fluxo da vida. Quanto maior o grau, mais leve se navega. Pelo menos é assim que entendo agora. E para não perder isso de vista, para não deixar de lado uma das poucas coisas que parecem fazer sentido atualmente, recorri ao mosaico (e também porque tenho medo de tatuagens, apesar de achar lindo!). Este lembrete permanecerá em nossa casa, esteja ela onde estiver.
(clique sobre as imagens para vê-las em tamanho maior)
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