Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Na intimidade do pensamento. Na coletividade da ação.

    Quando comecei a produzir mosaicos, não fazia ideia de que isto me colocaria em um posto de observação das facetas do comportamento do ser humano. Inicialmente das minhas próprias. A cada novo trabalho o que me estimula, o que me apaixona, muda com certa constância. As emoções podem ir de 0 a 100 em minutos, ou de 100 a 0 ou seguir um crescente suave que chega até 70, no máximo, tornando-se um exercício de auto-conhecimento.
    Mais interessante do que se observar é perceber o efeito que o seu trabalho causa nas outras pessoas. Quando uma peça está pronta ela tem uma história que só eu conheço. Ao final do período de execução temos uma relação. Algumas vezes as pessoas conseguem enxergar os meus pedaços colados ali e entendem um pouco da história que até então era exclusividade minha. Mas há outras tantas vezes nas quais as impressões não tem nada, mas nada, mas nada mesmo relacionado com a intenção inicial. Na prática isto se traduz da seguinte forma: coisas que para mim são sublimes, delicadas, que falam por si só recebem o selo de "ok", enquanto aquelas que por muito pouco eu não mostraria a ninguém caem no gosto comum.
    Com os textos isto fica ainda mais caricato. Há leitores que vão até a mesma fonte na qual eu bebi para escrever. Captam inclusive o que não foi escrito, mas foi pensado. Há outros, porém, que ignoram a localização da tal fonte. Na verdade eles foram até o "rodízio de frutos do mar", por onde eu nunca passei. Então eu penso "será que estamos falando do mesmo texto?", "onde será que essa pessoa leu isso (não escrevi nada parecido...)?". O óbvio está na minha frente. Cada um tem o entendimento de acordo com as suas referências, preferências e deferências. Se eu disser que o rato roeu a roupa do rei de Roma alguém pode achar muito bom afinal todas as roupas desta monarquia abusiva deveriam ser roídas. Outra pessoa já diria que o rato foi posto lá pela oposição do Império Romano, num ato fútil de desespero. Um terceira pessoa teria a certeza absoluta que o responsável por um fato tão lamentável é o sistema paternalista que envolve o funcionalismo público, contribuindo para o mal funcionamento dos departamentos mais básicos como o da desratização. Qual impressão está correta? Acredito que todas e nenhuma. Tudo é muito relativo. É valido em um contexto. Pode não sê-lo em outro. Isto quer dizer que os rumos tomados pela palavra, seja ela escrita ou proferida, são imprevisíveis. Não é possível controlar o que se passa no pensamento do outro, como ele irá absorver o que você acabou de expor. Pense um pouco, somos verdadeiros heróis da comunicação! Com esta incrível variável só tivemos duas guerras mundiais. Tudo bem que o mundo caminha agora para um colapso inevitável, mas também depois de alguns bilhões de anos acho já era hora. Ironias à parte, perceba a importância do que dizemos. O fato de termos uma boa intenção ao dizer algo não assegura um bom desfecho. Agora, o que acontece quando a intenção é ruim? Pois é! É muito simples dizer poucas e boas para alguém. Difícil é colocar-se no lugar daquela pessoa, entender o mundo com os olhos dela, entender o motivo que a leva a agir de determinada forma. O que faríamos se estivéssemos na mesma situação?
    Temos esta facilidade arrogante em julgar tudo. Todo dia, a toda hora, há um sem número de rodinhas regadas a cerveja, batom ou purpurina, de pessoas empolgadas em apontar todas as faltas, todos os equívocos, de alguém que, por acaso, não está ali. O que não vemos com a mesma frequência são conversas sinceras, onde não há acusações, mas onde se oferece ajuda sem esperar nada em troca. Os erros do mundo, os erros de todos nós, estão à mostra, escancarados. Não é necessário que alguém nos venha apontar o dedo. Mas o que não se vê é alguém que venha tentar uma solução, que deseje fazer (pelo menos) a sua parte a fim de melhorar as coisas. 
    Precisamos de muita cautela quando nos expressamos. Uma parte da intenção será perdida no processo de traduzir o pensamento, nesta transformação do sutil para o concreto. Escutar mais ajuda. Falar menos ajuda. Vigiar seus pensamentos ajuda muito mais. Qual é a sua intenção? Faça este auto-exame. Se algum sentimento baixo estiver predominando, escolha calar até se compreender melhor. Saiba da sua responsabilidade e, ciente de que se trata de uma ação sem garantias, escolha falar quando estiver motivado pelo amor, esta fibra ótica do processo de comunicação e expressão.


3 comentários:

  1. Gostou, Ana? É uma caixinha que fiz sem destino e acabei por presentar alguém muito especial, que me ajudou (e ajuda) muito.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. DRI
    Parabéns! Adorei seu blog, suas reflexões e seus mosaicos.
    Adoraria receber sua visita também.
    Bjks
    Lenita Abreu
    http://lennitaa.blogspot.com

    ResponderExcluir

Olá! Tenho muito interesse em saber a sua opinião sobre esta postagem. Obrigada pela sua visita!