Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

O espelho, as miçangas e o frangalho emocional.

 Aqui na sala onde fica minha mesa, comecei a compor uma parede com os meus trabalhos. No começo a questão era apenas encontrar uma maneira agradável de dispor os mosaicos que iam nascendo. Mas, a partir de um momento, os mosaicos começaram a nascer para integrarem essa composição. Com a ordem das coisas invertida, estava na minha mira um trabalho que abrigasse um espelho redondo e que preencheria o último grande espaço vago. Já sabia que o espelho seria disposto no canto superior direito de uma base retangular. Assim, esta peça faria o contraponto com o outro mosaico com espelho que habita a parede.

Com a base montada, precisava de um ponto de partida. Já havia decidido que algum conteúdo do pote de sucatas deveria fazer parte deste mosaico. O motivo? Precisava esvaziar um pouco o tal pote. De lá tirei moedas, uma arruela, um filtro antigo de cafeteira italiana e um zíper. A ideia inicial foi essa:

 


Achei que era um bom começo. O passo seguinte foi pintar estas peças e adicionar detalhes. No momento de colar decidi por não colocar o zíper e o visual foi este:

Sobre o filtro da cafeteira, colei canutilhos e um broche. Sobre a arruela, canutilhos e contas de vidro. Nas moedas, mais canutilhos.

Deste momento em diante trabalhei das bordas para dentro. Meu desejo maior foi ter todo o tempo do mundo para fazer tantos detalhes quantos fossem surgindo na mente. A cada nova fase, um novo humor. Os diferentes estados de espírito ficaram encravados na argamassa. Teve tudo, tudo o que você pode imaginar que seja possível sentir no mundo que temos hoje.

Teve desejo de acolhimento, de comunhão, de dias com mais brilho no olhar.

 
Teve o momento de querer estar na natureza, aprendendo sobre nós através dela.

Teve desejo de ir além de nossas barreiras físicas, ser mais etérea, mais inteligente, compreender o todo.


Teve a angústia roubando o ar. Teve o esforço para respirar...devagar, com ritmo e consciência. Tentativa de pensar melhor.

Teve momento de não querer pensar e, principalmente, não querer sentir, com medo de que o coração não aguentasse.

Teve o momento de perceber que o fundo do poço tem porão e de buscar ajuda para tentar tirar o mastodonte que está sentado há séculos sobre o meu peito.

Teve tentativa de se reorganizar, entendendo que essa tentativa tem que ser repetida todos os dias.

Teve apoio e acolhimento das amigas. Nos escoramos umas nas outras, porque não está fácil...por meio de uma delas veio a indicação do poema tão preciso. Empatia.

Ao concluir o mosaico, entendi que ele foi feito não pela junção de vidro, metal, madeira, cimento...ele foi feito com o amálgama deste emaranhado de emoções agudas e mal endereçadas que estão em mim. Uma mistura de extremos opostos, de conflitos, de antônimos. Ele me denuncia sem nenhum constrangimento.

Ao contemplá-lo, me vejo. Os últimos meses foram ruidosos dentro da cabeça. Aversão. Compreensão.

É isso o que acontece quando a gente resolve criar, não importa o que esteja acontecendo: nos revelamos cruamente para nós mesmos.

A parede recebeu mais uma peça do quebra-cabeça. Mais um retrato colorido de um momento específico.

Ainda há outros espaços a preencher. Novos capítulos de uma velha história.


Sigamos, colegas, sigamos...

Pausando. Respirando. Respeitando. Ajudando. Sendo ajudado.

Cuidem-se bem para que possamos nos encontrar na próxima. Até lá!

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5 comentários:

  1. Tá bonito! Mas tá muito bonito! Mas tá muito, muito, mas muito bonito mesmo!

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  2. Não sei se acho bonito, só sei que é bom de olhar, mesmo sem compreender. A combinação de cores me acalma.

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  3. Não sei se acho bonito, só sei que é bom de olhar, mesmo sem compreender. A combinação de cores me acalma.

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    1. Eu acredito que é sobre isto, sabe? Não precisamos ter um entendimento racional de tudo o que nos cerca. Muito menos categorizar tudo. Há outras formas de captar o que vemos, ouvimos, lemos...formas talvez mais sutis, mas também essenciais.
      Um grande abraço!

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