Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Re-iluminando o passado.

Acredito que um dos maiores encantos que o mosaico me trouxe foram as experiências com vidro. Elas não começaram ao acaso. Começaram porque minha irmã achou que era uma boa idéia e como eu estava absorta em outras coisas ela foi abrindo o caminho, desvendando alguns mistérios e fertilizando um belo terreno para mim. Foi extremamente estimulante comungar com uma mente de uma criatividade tão complexa. Os frutos foram brotando ao longo do caminho.

Porém (e sempre há um) a mudança para Berlim afetou-me em muitas formas e quase todas elas imprevistas. Um das maneiras foi a perda dos parâmetros criativos que eu tinha. Traduzindo: eu fazia uma coisa e depois de algum tempo, num segundo olhar, não via o menor sentido naquilo. Não gostava do que tinha feito. Aos poucos a "pegada" foi voltando, mas nada foi como era antes. Um passeio pelo álbum de fotos deixa isso muito claro.

O que ainda me incomoda é ter perdido muito a mão para fazer luminárias. Tem sido uma luta me re-encontrar num tipo de trabalho que foi um dos meu prediletos, que tanto inspirou e elevou minha alma. Falta do estímulo certo (leia-se da irmã)? Sim, pode ser. Mas para o que não tem remédio, a aceitação é o caminho...

Dias desses voltei ao campo das luminárias. Compramos uma ferramente para ajudar a cortar garrafas e senti vontade de reviver aqueles dias. Para felicidade minha ainda tenho alguns cortes de vidro feitos pela Alê e coloridos nos tons que só ela sabe fazer. Foi bom, a sensação foi muito boa e senti que voltei a colocar um pé naquela antiga estrada.

Além desses vidros também usei outros que foram coloridos por mim, alguns de garrafas coloridas, umas pastilhas para mudar a textura e umas miçangas. Para a base usei um prato de cerâmica devidamente pintado. O resultado final é uma luminária rústica, como a maioria das coisas que faço, e muito nostálgica para mim.

Esta é a base. Misturei folha de ouro e purpurina com goma laca.
Nas bordas na luminária dei o mesmo acabamento dourado da base.
Os cortes transversais de vidro de garrafa foram o ponto de partida.
O conjunto ficou cheio de texturas. Eu gosto disso. Acredito que traz vida e movimento à peça.
Quando apagada ela até faz a linha discreta...
Mas quando acesa, não dá para ignorar o bailar das cores.



O desejo puro e descontrolado é de voltar àqueles dias. Mas isso é fantasia perdida, pois tudo passa. Então o único desejo que posso acalentar é o de fazer andarem na mesma estrada o meu encanto pela reutilização de vidros, a magia das luzes coloridas e a pessoa que sou hoje. O passado pode ser uma grande referência, mas não pode ser o nosso norte. Acolher as mudanças é tão desafiador quanto nos reconhecermos após elas. Mas isso é a vida, não é?

Que suas mudanças sejam inspiradoras!

Beijos para todos e até a próxima!
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2 comentários:

  1. Li o texto com as lágrimas atrapalhando a visão. Por que será? Nunca deixe de derramar sua alma nessas obras. Elas nos trazem você para mais pertinho de nosso coração. (papunka)

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    1. Hoje acredito que o desafio maior é justamente derramar a alma naquilo que faço. Mas quando dá certo, traz um contentamento que não sei descrever.

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