Aconteceu novamente. Baltazar empolgou-se em meio aos anúncios dos classificados de desapego e em uma semana mais dois rádios antigos vieram habitar este pequeno lar. Tira coisa daqui e põe para lá, espreme de uma lado, espreme do outro e os novos integrantes da família encontraram lugar nas prateleiras. Contudo, pelo princípio da impenetrabilidade, o meu querido Dragão Fumeta ficou sem teto. Antes que você se pergunte, o Dragão Fumeta é um simpático queimador de incensos, no formato de um pequeno dragão que expele a fumaça pelas suas narinas, ou seja, a coisa mais fofa desse mundo.
A fim de evitar que o coitado fosse para dentro de algum armário entulhado e, consequentemente, esquecido, a solução foi criar uma prateleira especialmente para ele, a ser apoiada entre as pernas de um banco alto, que faz a vias de mesa de canto.
Para a base usei um pedaço de compensado e para os mosaico decidi que usaria restos de corte de pastilhas e de azulejos, além de alguns materiais que tenho há seculos e nunca uso. Delimitei no centro da placa o lugar para o dragão e ali apliquei os restos de cortes de pastilhas. Tudo foi contornado com pastilhas cristal com estampa que nunca tinha usado. O espaço que sobrou foi revestido com os restos de cortes de azulejos.
As pastilhas redondas também estavam esquecidas entre os materiais e encontraram aqui o seu momento de brilhar.
Para o acabamento das bordas da placa, cortei rolhas de garrafa em quatro partes no sentido do comprimento e, depois de coladas, passei duas demãos de verniz. Desta forma a cor ficou bem próxima da cor da madeira do banco, onde a prateleira foi encaixada. Para este encaixe acontecer, foi necessário deixar ser borda de rolha o espaço referente à largura das pernas do banco.
Escolhi o rejunte da cor cinza claro para adicionar menos informação visual à prateleira, uma vez que os restos de corte já são algo do tipo "tudo ao mesmo tempo agora".
Prateleira pronta, o amado Dragão Fumeta foi para sua casa nova e esse canto da sala ficou mais alegre. Faz parte do meu projeto "cor é o que não falta aqui" ou "cor: quanto mais, melhor".
Depois de fazer isso comecei a olhar as cadeiras da casa sob uma outra perspectiva, considerando a possibilidade de elas também ganharem prateleiras que podem acomodar livros e revistas, por exemplo...ou uma manta dobrada...onde certamente um gato iria se acomodar para seu sono reparador. É, colegas, a falta de espaço também serve de adubo para a criatividade.
Ainda que sobre a mesa de trabalho exista neste momento uma garrafa me esperando, a prateleira foi o último trabalho deste ano. Agora chegou aquela hora na qual a gente faz uma pausa para olhar para trás e para dentro. Que ano, hein? Eu sou incapaz de concluir qualquer coisa agora. As emoções tem estado tal qual um mar revolto. Quando chegar a calmaria - e um dia ela há de chegar - poderei tentar entender alguma coisa sobre o que vimos, vivemos e sentimos neste fatídico 2020. O único ponto que é claro para mim é que o mosaico foi o meu colete salva-vidas durante a tormenta que tem nos assolado. Foi um lugar seguro que pude acessar várias vezes, onde puder ser livre e ter esperança.
A todos que me fazem companhia aqui, recebam meu agradecimento profundo! Essa troca que temos significa muito para mim, é um farol que me guia na escuridão. Desejo que cada um de vocês também tenha seu "porto seguro" para se refugiar sempre que o mistério da existência esmagar o seu coração.
Fiquem bem, sejam responsáveis e até a próxima, a bordo de um novo calendário.
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