Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Mini Vaso Aroma

Há alguns anos fui presenteada com o perfume da minha adolescência. Não imaginava que ele ainda existisse e muito menos que o formato clássico do frasco tivesse sobrevivido. 


Foi uma festa nostálgica para os meus sentidos, abrindo as portas para uma deliciosa onda de memórias afetivas. Depois que o perfume acabou, fiquei apegada ao frasco e não consegui simplesmente colocá-lo na coleta dos materiais recicláveis.

Meses atrás, enquanto cortava centenas de garrafas para fazer uma mureta em casa, decidi cortar também o frasco do perfume e finalmente fazer algo com ele. Removi a porção abobadada e trabalhei com a parte que ficou. 



Um pequeno vaso surgiu, delicado e precioso tal qual os sentimentos que me suscitou enquanto era um frasco de perfume.

O mosaico que reveste o Mini Vaso Aroma foi feito com canutilhos de vidro, contas de metal e de vidro, mini gemas de vidro, miçangas de vidro, strass e pastilhas de vidro do tipo Furta-cor.

Tamanho não é documento para a beleza.


Visão da frente.




Visão da Lateral





Visão da parte de trás






Ao florescer o mini vaso com um pequeno buquê de flores frescas, senti minhas memórias perfeitamente representadas naquela visão idílica, com a nostalgia cedendo lugar a um afeto sereno.



A esta altura da minha carreira como artesão fica cada vez mais nítido que faço o que faço com o propósito de dar um novo uso para objetos. Isso é fascinante para mim.
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A luminária e a dúvida.

 Herdei vária peças de vidro do acervo da prima florista. Algumas delas, pelo seu formato, me remeteram ao passado. Revisitei mentalmente a época em que comecei a explorar os vidros translúcidos e transparentes. Lembrei do encanto e da vontade de viver dentro de um vitral.

 Escolhi um bowl para, fazendo uma luminária, transportar o passado para o presente. Quando já tinha passado da metade reconheci que estada muito desconfortável com o caminho que estava seguindo. Nem lá, nem cá. Como seria diferente? O passado não volta. Sabemos disso, mas ainda assim nutrimos uma expectativa de reviver o que foi bom. Uma insistência que conduz à frustração.

 Devidamente frustrada fiz algo que só faço no crochê: desmanchei tudo. Desfazer a luminária macambúzia trouxe alívio. Prometi para mim que isso é algo que vou repetir sempre que este desconforto surgir. Não tem tempo e material gastos que compensem olhar para alguma coisa e pensar que poderia ter sido diferente.

 Recomecei com novos cuidados, dentro de uma estética que vou chamar de atual considerando os últimos trabalhos que tenho feito. Tudo fluiu mais em paz, com algumas concessões porque sou humana.

De um lado.

De outro.

De cabeça para baixo.

Pelo lado de dentro.


À luz do sol.


À luz da vela.


 Ela é fofinha, coloridinha e traz uma sensação boa de aconchego, maaaaaaassss...fiquei me perguntando se esse visual não está começando a ficar no passado. Eu não tenho a resposta ainda. Há um bom tempo não fazia luminárias. Talvez o estranhamento faça parte desta retomada. Eu não sei e acredito que só vá saber se seguir fazendo. A gente só consegue ver uma mudança claramente depois que ela aconteceu. Durante o processo as coisas parecem incertas. Existe a dor pelo que já não é e o medo pelo que ainda será.
Até a próxima incerteza!
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A tristeza, a garrafa e o recomeço.

Dia 15 de setembro de 2023 deixei a "vida-não vida" para trás. A ansiedade batendo recordes. Chegamos dia 16, todos vivos e a salvo. Alívio.

Dia 30 de setembro de 2023 um reencontro aguardado transformou-se em despedida. Nos meses seguintes tentei equilibrar a readaptação do retorno com a readaptação da vida com um afeto a menos e um vazio a mais.

Dia 30 de novembro de 2023 uma nova despedida. Brutal. Esmagadora. Perco o chão e a companhia mais fiel que já conheci. Não há respostas para minhas perguntas. Estou também eu morta. Morta e culpada.

Dia 03 de janeiro de 2024 meus olhos (e todos os meus sentidos) encontram a cena mais triste que já testemunhei. Choque. Trauma. A tristeza vira um poço muito profundo e nesse momento eu duvidei que conseguisse refazer a minha vida. Duvidei que fosse possível criar novamente. A vida virou um lugar terrível na expectativa do próximo luto. Medo constante de trilhar os conhecidos passos de um novo funeral. As perguntas sem respostas tecem um manto de desconsolo que arrasto pelo chão.

Num dia reúno a energia para tentar. Meu olhar, que só consegue se fixar bem abaixo da linha do horizonte, vê as garrafas na prateleira mais baixa. Passo a mão por várias até escolher uma. Não lembro onde estão os puxadores de gaveta. Tudo foi organizado por mim, mas ainda não estou ali. Por fim encontro-os. Escolho um. Mais alguns dias passam com a garrafa e o puxador sobre a mesa. Ainda parece impossível porque dentro de mim só existe morte. Espero o tempo fazer a sua parte.

Desde o último mosaico que fiz, antes da mudança, 5 meses já se passaram. Marco na agenda um dia para (re)começar. Garrafas são o meu lugar seguro. Então começo. Meu ritmo é lento e não tenho muita certeza do que estou fazendo, mas isso não importa. Fazer é o que importa. Vou me reconectando com minhas ferramentas,  com meus materiais e me conectando com o novo espaço que tenho agora.

Vivendo um dia por vez, fui dando vida à garrafa e, de certa forma, a mim mesma. Ficou pronta e senti satisfação. Um pingo de esperança também, apesar de estar brigada com este sentimento.

Parte da frente.

Detalhe da tampa.

Parte de trás.

Lateral

Cada acontecimento da vida, dos pequenos aos grandes, dos bons aos ruins, nos transforma de alguma maneira. Os mais marcantes fazem tudo mudar. Entender o novo cenário no qual passamos a existir é um grande desafio (pelo menos para mim) e requer tempo e paciência. A gente vive o que a gente tem para viver hoje e agora. A gente tenta. Não tenho a menor ideia do sentido disso tudo, se é que isso tudo tem sentido. Mas a gente segue porque é isso que tem para fazer.

Até a próxima.
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