Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

A nova casa da Flor de Maio.

Primeiro é necessário que se diga que nas bandas de cá a Flor de Maio chama-se, numa tradução literal, "Cacto de Outono". Mas eu prefiro chamá-la de Flor de Novembro, que é quando ela dá suas flores. Depois de uma generosa florada no ano que passou, a plantinha foi dando sinais de que precisaria de mais espaço para estender suas asas, digo, raízes. Que fique muito claro uma coisa: pedido de planta a gente não nega. Jamais!

Na fase em que estou, não sei se consigo conceber um vaso sem usar tampas de garrafa. Acho que combinam muito. Ponto de partida estabelecido, notei que o potinho de restos tinha novamente chegado à tampa. Que seja, então, feita a união daquilo que sobrou ali com aquilo o que sobrou aqui. E que se celebre a fartura das sobras! Pois elas abundam e podem construir universos inteiros se assim nós quisermos.

Para quem chegou recentemente por aqui e se pergunta "tampinhas? Mas por que tampinhas?", guarde a resposta: elas são o máximo! Personalidade não lhes falta e merecem o devido destaque.

Animais, brasões, personagens típicos - uma pequena história é contada através do logotipo.
No restante do vaso, emoldurei as tampinhas e delimitei as bordas com uma cor neutra. Os espaços que sobraram foram preenchidos com os amados restos de cortes, aleatórios, coloridos e vivos!


E na cerâmica aparente o dourado que faz justiça à nobreza da Flor de Novembro.
Embaixo também vai o dourado. Não é por estar menos aparente que não vai receber essa mistura viciante de verniz e purpurina, não é mesmo?
O que mais me empolga nesse vaso, além da sua simplicidade, é o fato de utilizar tesselas "alternativas" entre muitas, muitas aspas, porque esta classificação diz muito mais respeito à forma como enxergamos as possibilidades do que aos materiais em si. Ver valor naquilo que comumente não é muito valorizado é, para mim, um tratado sobre a esperança. Esperança de que vá um pouco menos de coisas para o lixo ou para a reciclagem, esperança de ver outras formas de beleza passeando pelo mundo, esperança de encontrar diferentes formas de viver nossa vida gasta e exaurida. Talvez seja possível a gente mudar tudo (ou o que precisa ser mudado) apenas com aquilo que já está à nossa volta. Que coisa louca, não?

Ah! A planta! Mandou milhões de lembranças. Está felizona na casa nova!!!!


Até a próxima!
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Brisa de esperança.

Quando deixei São Bernardo do Campo, há quase cinco anos, sabia de pouquíssimas pessoas na cidade que faziam mosaico e conhecia a loja Romiarte, no bairro de Rudge Ramos, que era o único lugar realmente decente para se comprar material. Sobre mosaicos na cidade, lembro de uma série de painéis na Av. Caminho do Mar, de um painel na entrada de um condomínio que indicava que ali um dia existiu uma unidade da IFRJ (Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo), lembro da praça da Igreja Matriz com um espetacular mosaico de pedras portuguesas (que foi removido numa reforma sem justificativas dando lugar a muito concreto), do corredor central da mesma igreja que, felizmente, não é mais coberto por um longo tapete vermelho, do altar da Igreja Santíssima Virgem, no bairro Jardim do Mar, da ornamentação das colunas na igreja do bairro Baeta Neves, do chafariz da praça Lauro Gomes e da fábrica da Vidrotil que não gostava muito de mosaicistas. Isso era tudo o que eu sabia (e que consigo me lembrar) da relação da cidade com o mosaico. Porém parece que boas brisas sopram em meio a tornados de caos. Há pouco tempo fiquei sabendo de uma ação coletiva para decorar uma escola no Jardim Hollywood. Atendendo ao chamado do mosaicista Henry Ribeiro Conde, da Conde Mosaicos, vários artesãos confeccionaram mosaicos sobre tela, no tamanho de 20cm X 17cm, que serão instalados em um dos muros da EMEB Mário de Andrade. O tema escolhido foi "Brincadeira de Criança" e as contribuições estão chegando de várias cidades e de alguns estados do Brasil. Esse é um aspecto muito bom de rede social: possibilitar o contato de pessoas com uma mesma afinidade que se reúnem em torno de um projeto que tem o objetivo de trazer beleza para um lugar.

Tomar conhecimento desse coletivo foi uma surpresa muito boa, como um gentil aceno da Sra. Esperança. Graças à disponibilidade do colega Henry, puder participar desta ação. Como deu de acontecer de Correio ser um serviço, digamos, com oportunidades de melhoria no mundo todo, ele topou instalar minha contribuição se por acaso ela chegar depois do prazo final. Mas confesso que preparo o meu coração para a hipótese real de o pacote nunca chegar...

O tema proposto é delicioso e me conduziu a uma viagem pela minha infância. Rememorando hoje, diria que as brincadeiras de "Poço de Correspondência", "Carroça", andar no meio dos pés de milho plantados no terreno ao lado de casa, soltar bolhas de sabão e fazer lipsync de Olivia Newton John eram minhas brincadeiras favoritas. Mas aí lembrei de uma tão antiga quanto o mundo e que fiz pouquíssimas vezes: soltar pipa na praia. Guardei lembranças muito especiais de quando senti que poderia voar sem sair do chão. Achei incrível a sensação de fazer algo subir ao céu e bailar no azul. Era como ser livre lá do outro lado da linha. Então escolhi essa brincadeira para ilustrar com mosaico.


Onde tudo nasce.

Onde tudo se concretiza.





São Bernardo tornou-se uma cidade profunda e amplamente maltratada. Ações como a do colega Henry são muito, muito importantes. Além de ser uma declaração de afeto feita por desconhecidos ao local onde ficará o painel, a obra trará uma pincelada de beleza para o local, levando ao contemplamento, à reflexão e ao aprendizado todos que estiverem dispostos a se conectarem com o mosaico. Tenho certeza de que o mural espalhará algumas sementes por aí, alguns corações serão tocados e pequeninas mudanças poderão começar a acontecer. Essa é uma das tantas maneiras que existem para se promover uma transformação positiva.

Inspiremo-nos, amigas e amigos! Inspiremo-nos!
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