Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Uma vaso para o pé de gengibre.

Sabe aquelas pessoas que preferem tomar um chá a tomar um remédio? Sou dessas! Acho mesmo que os alimentos são o melhor remédio. Para dores de garganta e resfriados o gengibre é meu medicamento preferido. Um chá bem forte, como se fosse um quentão (mas sem pinga, pelo amor de Deus!), resolve o problema por milagre. Por isso sempre há um gengibre por aqui. Só que um coitado ficou na fruteira tempos e tempos e tempos, ignorado pela falta de necessidade do poderoso chá. O pobrezinho começou a murchar, resignado, e um dia reparei que estava soltando um brotinho. Foi promovido a um pequeno vaso, apenas deitado sobre a terra caso quisesse soltar raízes. E ele quis! O brotinho foi alçando vôo em direção aos céus e um novo broto veio vindo do outro lado. Bom, o gengibre foi muito claro na sua mensagem: quer continuar se transformando. Já que é assim, merece o que de mais definitivo eu poderia providenciar para um ambiente de apartamento: um vaso. Em casa de mosaicista nada passa impune a uma cola e uns cacos. Não vi porque fugir à regra. Mas antes fui pesquisar como era,a final, um pé de gengibre.Achei isso aqui:


E, já feliz com os dias nos quais seremos autossuficientes em gengibre nesta casa, lancei mãos-à-obra. Escolhi as pastilhas...e as tampinhas de garrafa. Sim, eu gosto delas. São coloridas, divertidas, estão por toda parte e não vejo motivo para não usá-las. Achei que as tampinhas de Club-Mate (um chá mate gaseificado) combinariam bem. Dessa vez dei umas marteladas nas tampinhas para achatá-las, nivelando mais ou menos com as pastilhas.



Plantei o gengibre e o danado se empolgou, se espichou e soltou folhinhas...até que a Antônia simpatizou com os brotinhos e mastigou as folhas novinhas :-(


Agora já não sei se o gengibre vai conseguir vingar com tamanho assédio. Talvez meus planos de formar o império do gengibre tenham que ser adiados. Por enquanto fico no mosaico mesmo.



Atualização de julho de 2016: veja como o gengibre cresceu!!! O primeiro broto não vingou, mas o segundo foi em frente e já olha a rua do segundo vidro. Além disso, a cúrcuma que estava toda tímida também está feliz da vida. É ela que você pode ver em primeiro plano. O gengibre é o que está preso à haste. Ainda que a Antônia tenha investido mais algumas vezes contra os brotos, parece que agora deu uma sossegada já que está menos ergonômico.


Garrafa "Oriente"

A mais nova produção é uma garrafa. Sim, a cada tanto de tempo eu preciso fazer uma garrafa para deixar o coração em paz, os olhos brilhantes e o cabelos sedoso.

Ficou bem alegre, com cores vibrantes e um fundo leve. Cara de primavera! ...ou cara de quem está deslumbrada com a primavera!

É uma garrafa de três lados e o mesmo padrão foi repetido nos três lados, mudando apenas os millefiori.








Se você mora na União Européia, pode adquirir esta (e outras garrafas) na loja virtual da Lucano Mosaico que está hospedada no site Etsy. Vai por AQUI.

A Árvore do Autoconhecimento.

Faz tempo, muito tempo, que ele voltou de férias em Portugal com várias pedras de Arouca. "Faz um mosaico para mim?" pediu. Veja, há perguntas cujas respostas são óbvias. Macaco, quer banana? Adriana, quer sorvete? Adriana, quer passear? Adriana, quer pudim? A resposta sempre será sim!

Mas porque pedras de Arouca? Arouca é a cidade Natal do pai dele e as pedras trouxeram consigo todo este vínculo ornamentado de significados, de sentimentos nobres e profundos. As pedras eram lindas (como toda pedra é) e não resisti em logo fragmentá-las. Descobrir que guardavam outras cores e texturas em seu interior. Por alguns dias recorria a elas só para me embebedar na grandiosidade da natureza.

Confesso que senti o peso da responsabilidade. Vai que faço uma enorme cagada com as pedras sagradas? Não, se for para sair uma cagada que seja uma cagada em conjunto. Então comecei o inquérito: mas o que você quer que eu faça? Que tipo de mosaico? Quer alguma coisa abstrata? Quer que use só as pedras? Tem algum formato que gosta mais? Qual o tamanho? E a resposta foi simplesmente essa: "Faça uma coisa que represente quem eu sou". P-u-t-a-q-u-e-o-p-a-r-i-u!!! Só isso? Tive várias ideias. Umas concretas e outras abstratas. Como era algo para fazer quando desse tempo (e a coisa toda estava meio embaralhada), foi ficando para depois.

Após um bom tempo eu achava que já sabia o que iria fazer. Todas as vezes que ele foi a Portugal, passou por Arouca. Todas as vezes ele tirou uma foto em frente a um pequeno portão que sinalizava onde o pai tinha morado. Quando era criança, as fotos eram ao lado do pai. Depois de 2004 as fotos foram com ele sozinho. Então era isso, eu faria esse portãozinho. Super significativo. Mas nunca que chegava aquela brechinha para fazer o tal do mosaico com as pedras.

A vida foi acontecendo e nos mudamos para cá. Junto com todo o material de mosaico vieram obviamente as pedras de Arouca. Nunca ousei usá-las em nenhum trabalho, ainda mais se fosse para vender. E elas ficaram ali quietinhas na estante esperando...esperando...esperando. Até que depois de um papo muito proveitoso com a Yara fiquei pensando nessas coisas sempre adiadas. Esse mosaico precisava sair do limbo. Peguei a foto do tal portão. Só que agora o portão não parecia mais abrigar o pedido "algo que represente quem eu sou". E agora?

Se alguém nessa vida tem que saber eu sou, sou eu mesma. Só eu tenho resposta para isso. Então percebi que o que quer que fizesse seria somente a minha interpretação do outro. Não tenho esses poderes de entrar na cabeça das pessoas. Levei esse baita tempo para perceber que o pedido era na verdade algo como "me diga quem eu sou, porque agora nem eu mesmo sei". Só que, adivinhe, isso não dá, não tem como. Tem caminhos que precisamos percorrer sozinhos para conseguirmos chegar a algum lugar. Mas como torcida sempre ajuda, o que posso dizer para você, meu amado, é o seguinte:

É muito importante conhecermos (e conhecermos bem) nossas origens. Elas nos ajudam a entender um pouco mais sobre nós já que possibilitam responder muitas questões existenciais. Esse entendimento é muito valioso.
Mas aqui precisava te dizer algo. Por mais que tenhamos apreço e respeito pelas nossas raízes, elas não definem quem somos. Elas podem dizer como chegamos aqui, mas não determinam nosso futuro. O que quero dizer é que você é você. Você não é aquilo que seus antepassados foram. Você é você! Uma soma de várias coisas com um resultado único. Cada uma de nós é único.
Trilhe seu caminho com as suas próprias pedras pois você precisa colher os seus frutos, os seus próprios frutos. 
Não ache que esta árvore é você! Ninguém cabe num objeto. Esse é só um lembrete para você ver que cada coisa, cada memória tem seu lugar na nossa trajetória. Mas às vezes precisamos ver tudo isso de uma forma mais descontraída. A vida quando fica muito séria, adoece. Então, relaxe um pouco...olhe a si com amor porque, meu querido, você precisa florir vez ou outra.





Finalmente consegui minha tradução usando as pedras de Arouca e outras coisas com significado particular.

A "Arvore do Autoconhecimento" só nasceu depois que entendi que não se tratava de mim. Não era sobre eu conseguir ou não atender à expectativa do outro. Era sobre entender a fala oculta no pedido.