Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

O mosaico de Garnethill.

Próximo ao centro de Glasgow há um praça que parece aprazível. A tarde que já virava noite não era assim tão agradável. Fazia frio, ventava e uma chuva fraca diminuía aos poucos a vontade de explorar outros cantos da cidade. Mas no fundo daquela praça um muro escondido atrás das árvores chamou a atenção. Chegando perto a constatação: um mural de mosaico com cara de abandonado. Sujo, tesselas faltando, sugeria ter sido feito para celebrar alguma coisa.


Ele parece parado no tempo...

...a sujeira tirando o o brilho das cores...

...a falta de manutenção não deixa a história ser contada.

O piso também foi trabalhado...

...e quase passa despercebido...

...sem olhar atento quase não se distingue o que vai sob os pés.

Numa mistura de alegria, por ter encontrado o mosaico, e pena, pelo seu abandono, anotei o nome do lugar para pesquisar qualquer informação sobre o mural. Encontrei uma página toda dedicada ao lugar que nem sempre foi aquela praça que eu via.

Aquele mural de mosaico e o calçamento em frente dele foram feitos em 1978. Não comemoraram nada de especial, como era o meu palpite, mas foram as primeiras obras em mosaico em grande escala em um ambiente externo da Escócia. O projeto foi iniciado e dirigido por John Kraska, junto com os artistas Irene Keenan e Tomy Lydon. Jovens e crianças da localidade também participaram do projeto fazendo desenhos e pinturas que serviram de base para o projeto final. Para sua confecção foram usados cerâmica e vidro. A instalação foi feita na parede de um prédio construído em 1899, ao lado de uma quadra de esportes.

Ao longo dos anos todo o entorno sofreu transformações. Em determinado momento a comunidade local sentiu necessidade de unir-se para defender e proteger o mosaico que poderia ser perdido caso o prédio em cuja parede ele estava instalado fosse demolido. Uma campanha árdua e persistente resultou na integridade do mural garantida pela Câmara Municipal.

Em 1990 o artista alemão Dieter Magnus, junto com o instituto Goethe de Glasgow, desenvolveu um novo design para o local, que resultou na praça que existe hoje. Infelizmente, durante as obras, parte do piso de mosaico, que originalmente tinha 6 metros, foi destruída.
Foto de J.Kraska/1978. Confecção do piso em mosaico. Parte do piso foi destruída em 1991.

Foto J.Kraska/1979. Mural de mosaico concluído junto a quadra de esportes onde hoje é uma praça.
No início de 2007, o idealizador do mural John Kraska pediu ajuda ao conselho da comunidade para o restauro. Um sub-conselho foi criado a fim de vislumbrar formas para se levantar fundos não apenas para a restauração do mosaico, mas também para outros reparos necessários na praça. Consta que alguns consertos foram feitos, mas é evidente que hoje ainda há muito o que se fazer.

Você pode ler sobre a história deste mural e do lugar onde ele se encontra na página www.tones.demon.co.uk/garnethillpark . A última atualização é de 2009 e na ocasião John Kraska disponibilizava seu e-mail pessoal para quem quisesse contribuir com a recuperação do mosaico.

Ainda que não esteja no esplendor da sua forma, este mosaico de 37 anos ajuda a contar a história da comunidade onde ele nasceu. Os mosaicos são feitos para durar e assim testemunham (e por vezes conduzem) os nossos passos. Isso é de uma poesia imensa para mim. Até a próxima!