Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Pausa para a tempestade.

    Esta fase do "fim de ano" é inacreditávelmente difícil para mim. Faço um esforço Hercúleo para comparecer com alguma dignidade nos compromissos sociais dos quais é impossível estar ausente (leia-se: a consequência de não ir é mais desprazerosa do que o prazer de ficar). A mistura de emoções é muita e igualmente confusa. Assim as filosofadas andam amargas de doer e só param com as novas levas de vidros coloridos que chegam pelas mãos da Lê, num baile de cores e formas capazes de me manter sã por preciosos momentos.
    Então, por compaixão àqueles que dedicam um tempo a esta leitura, ao invés de vomitar meu azedume, dividirei um trecho precioso do livro da Maria Helena Ferraz. Aliás esta mulher tem o poder de trancrever aquilo que se passa em nossa mente, em nossa alma, coisas que nem conseguimos ordenar com muita lucidez, de forma tão simples e direta que até assusta (como ela sabe que eu sinto exatamente isso????). Bem, vamos ao que interessa:

(...)
"É preciso olhar para dentro toda vez que eu olhar para fora. Dentro e fora são iguais! Tudo o que acontece neste Mundo da Forma não passa de uma briga conjugal de fundo de quintal! E toda briga conjugal revela a ferida aberta pelo conflito dentro de mim comigo mesma. Portanto, a primeira lição de cura planetária está na cura do indivíduo. Quando amo a mim mesma, quebra-se um certo feitiço e pela primeira vez rompe-se o antigo colete que me bloqueava o peito e uma luz dali de dentro avança e sem pudor espalha sua beleza magnífica e inconfundível que me permite ver a gloriosa beleza do outro, e de tudo que há. Só então preservo a vida em toda a parte e meu estilo de vida reflete este Amor. Eu Sou a cura do planeta!"
(...)

    Absurdamente pertinente, não é?

    Abaixo um maravilhoso presente como deveriam ser todos os presentes: pessoais e intransferíveis, com muito de quem fez e com a cara de quem ganhou. Afeto materializado.





(Muito obrigada, Helô, por este fôlego energético, este bálsamo cintilante, esta luz no fim do túnel)


    E são estas coisas que me mantém caminhando mais ou menos para frente, no meio desta tempestade indecifrável que são os últimos dias de dezembro.
  
    Para quem não conhece o livro da Maria Helena, veja o texto "Carinho via Sedex". O trecho acima é do capítulo "Atravessando o Grande Rio", páginas 50 e 51.

    Abaixo mais uma peça em mosaico, afinal ninguém é de ferro. Nos "vemos" em janeiro.





Lista de desejos.

    Na segunda metade de dezembro não fica pedra sobre pedra. O calor, que ainda não é insuportável, chega e muda as roupas e os comportamentos. As chuvas espetaculares já ensaiam seus números apoteóticos. Tudo se direciona para o extremo. Há a grande necessidade de fechar ciclos, celebrar, partir para outra e esperar que tudo se renove, ainda que nem um centímetro seja renovado interiormente. Para engrossar os votos bradados das bocas para fora, grito também os meus que são, contudo, pungentes:
    Que aos filhos não seja ensinado que a recompensa do aprimoramento é um brinquedo da moda. Que o contentamento de se tornar uma pessoa melhor seja o presente suficiente.
    Que antes de exigir ser amado, aprenda a amar a si mesmo, com os pés no chão e os olhos bem abertos.
    Se decidir fazer boas ações, caridade de qualquer tipo, que começe pela sua casa onde certamente há alguém precisando muito.
    Se optar por celebrações, que o mais importante seja o encontro com as pessoas e não a comida, o enfeite, o presente ou a roupa.
    Lembre-se que para estar junto de alguém, basta pensar na pessoa. Não tem importaância se não estiverem todos presentes, desde que estejam todos no teu coração.
    Que o ideal comemorado seja praticado diariamente e não apenas lembrado em uma noite.
    Respeite as diferenças que não conseguir entender.
    Laços sanguíneos não são sinônimo de família, mas amor, compreensão, empatia, respeito e companheirismo são.
    Coloque atenção e intenção no que estiver fazendo.
    Por favor, não mate para celebrar o nascimento.
    Que exista um momento de pausa, onde você possa mergulhar em si e encontrar os significados.


Carinho via Sedex.

    Apesar do meu amigo Chuva discordar, ainda acho que a internet é um divisor de eras (para ele a invenção da cola Super Bonder, da fita isolante e da mulher, nesta ordem, foi o que revolucionou nossa existência) . O mundo nunca mais foi o mesmo e vem se transformando velozmente na medida da sua expansão. Para mim a utilidade é evidente e escancarada. Mas fora as áreas nas quais a internet mostrou-se um elemento facilitador, o campo da controvérsia é o das relações sociais. Filas de estudiosos já opinaram a respeito. Uns absolvem, outros condenam. Na prática vejo que, considerando um usuário sadio, não há como o virtual subistituir o real. Dito isso acho um grande barato conhecer o trabalho e as manifestações de pessoas que muito provavelmente eu não travaria contato se não existisse este instrumento. Enveredando por este caminho, me divirto muito com as pluralidades mas também encontro coincidências bem bacanas como um bom número de mosaicistas que adora gatos. Sem falar quando conseguimos reconhecer o nosso sentimento no outro, lá longe, longe mesmo, e então lembramos o óbvio: gente é gente em todo lugar. Parece que todo o planeta é formado por um único país e que todos nós podemos nos entender bem se conseguirmos nos enxergar nos outros seres.
    Um desses seres empáticos é a Maria Helena, que achei no Facebook quando alguém curtiu as fotos de uma mesa inacreditável que ela fez em mosaico. A riqueza dos detalhes deixa o queixo caído e quase todos os dias eu precisava rever aquelas fotos para internalizar a paciência e a dedicação que ela teve nos meses em que trabalhou na peça. Amizade virtual estabelecida, aos poucos outros detalhes se mostraram, como o deslumbramento pela natureza, amor aos animais, não ser carnívora, profundos mergulhos na alma e um amor transbordante por todos.
    Na semana passada descobri virtualmente pela Carmem (mosaicista, gateira, não carnívora) que a Maria Helena editou um livro em 2009. Fiquei interessada pacas porque tudo o que ela diz encontra muito eco em mim. Ao voltar do correio hoje, o simpático porteiro Zé (que está sempre de bem com a vida) me entregou um pacote de Sedex. Ganhei o livro com uma dedicatória deliciosa! Senti muita esperança e muito afeto. Senti a convicção de que tudo tem dois lados e basta você escolher o seu. Meio desacostumada a receber gentilezas, percebi comovida que tudo é real. As fronteiras com o virtual são tênues e caem facilmente se desejarmos.
    As mudanças externas podem acontecer à revelia de nossa vontade. Na mesma linha filosófica de "já que está no inferno, abrace o capeta", mas com menos fatalismo, use o que o mundo tem e aproveite para enviar o que você tem de melhor aos quatro cantos. Hoje isso é possível e fácil. Com um ato singelo, transforme o dia de alguém que está a quilômetros de distância (mas ainda no mesmo planeta). O formato pode estar diferente, mas ainda somos nós por trás dos teclados. Plante pequenas sementes de gentileza. Depois faça a justa colheita.



Abaixo, meu presente:






Conhceça esta mulheres admiráveis e seus trabalhos:
Maria Helena - www.janelasdeaquario.blogspot.com
Carmem - www.ymaguaremosaicos.blogspot.com