Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Luminárias para velas - gemas e stained glass.

As luminárias para velas em mosaico foram as peças que fiz em maior quantidade: 55 de 2010 a 2015. Revendo os álbuns de fotos em busca do número exato viajei no tempo e nas experiências. Uma das coisas mais bacanas do processo até aqui é que no meio deste caminho minha irmã se juntou a mim. Graças a ela mergulhei fundo na reutilização de vidro. Foi dela também a ideia de uma luminária para velas de 7 dias, um dos modelos preferidos dos clientes no Brasil. Num determinado momento o trabalho ocupou o tempo que era dividido comigo e continuei sozinha em meio aos vidros. Mas foi dali que ficou muito claro que, dentro das infinitas opções que o mosaico oferece, manipular vidro é uma das minhas preferidas. Combinar vidros pensando em como a luz vai incidir e na projeção das cores virou uma paixão.

Ao retomar o trabalho após a pausa que a mudança para Berlim exigiu, ficou ainda mais claro que as luminárias são descaradamente umas das minhas preferências. A produção aqui começou muito tímida:

(clique na imagem para vê-la em tamanho maior)
Luminária para velas - reutilização de vidro para base e revestimento de gemas e stained glass.
Ainda que trouxesse cores caminhando por toda a sua volta, a luminária ficou sóbria. Seria influência do meio? Aliás essa é uma questão que me intriga. Percebo nos novos trabalhos que de fato há uma diferença. Não há como deixar de ser afetado por grandes mudanças, mas este processo está em pleno curso e ainda não sei dizer precisamente tudo o que mudou.

As últimas peças feitas estão mais descontraídas e percebo que, definitivamente, parti para os revestimentos dimensionais. Talvez um momento de desconstrução, quem sabe...

Luminária para velas - base feita com vidro reutilizado. Revestimento de gemas de vidro e stained glass.

Luminária para velas - um toque de millefiori, porque ninguém é de ferro.

Luminária para velas - os vidros pintados ficaram de fora desta vez. Só desta vez.

Elas foram montadas aos mesmo tempo propositadamente, a fim de carregarem o máximo de semelhanças entre si, sem ser idênticas. Mesclam transparência total e elementos translúcidos. À luz do dia são alegres com suas cores fortes. À luz das velas são poesia pura.


É a luz colorida que me faz virar criança novamente e é esta sensação de encanto que me deixou viciada em fazer luminárias.

Até a próxima!

Painel de mosaico no Cafe Moskau

No número 34 da Karl-Marx-Allee está o Cafe Moskau. Projetado por Josef Kaiser em 1959, foi construído entre 1961 e 1964 como parte de um programa urbanístico da DDR para aquela avenida. Foi concebido para ser um dos sete "Nationalitätenrestaurant"*. A ideia era que nesses lugares os clientes pudessem conhecer uma pouco mais da cultura e da culinária da cidade ou região que emprestava o nome ao estabelecimento. Nesse caso, era possível experimentar ali um pouco de Moscou e celebrar a relação amigável entre a DDR e a União Soviética.

Fachada do Cafe Moskau. 2015. Foto: Adriana Piacezzi.
Observe que sobre o telhado ergue-se uma haste sobre a qual está fixada uma bola de metal. A bola em questão é na realidade uma réplica em tamanho natural do satélite Sputnik, presente do embaixador da União Soviética. Ainda que esta seja uma curiosidade e tanto, o que queremos ver mais de perto é o painel de mosaico da fachada.

Foto: Aktron/Wikimedia Commons.
 O mosaico mede 9m x 15m e foi idealizado pelo pintor alemão Bert Heller (1912-1970). O título da obra é "Aus dem Leben der Völker der Sowjetunion", algo como "A vida dos povos da União Soviética". A obra foi feita na sua maior parte com pedras. As inserções de cores foram feitas com smalti e ouro. É uma daquelas obras que quanto mais você olha, mais você gosta. Aos pucos inúmeros detalhes vão despontando em meio as matizes pálidas.

(clique nas imagens para vê-las em tamanho maior)

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.

Foto: Adriana Piacezzi.
Após a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha, todos os "Nationalitätenrestaurant" foram fechados. Felizmente o Cafe Moskau foi listado como patrimônio cultural em 1989 e a sua preservação foi garantida. Em 1994 o lugar deixou de funcionar como restaurante. Em 2000 o prédio voltou a ser utilizado para eventos específicos da virada do milênio. Em 2007 passou por renovação e restauração que trouxeram de volta a identidade arquitetônica dos anos 1960. Atualmente é uma casa de eventos.

Para mim, honestamente, tanto faz se é restaurante, café, casa de eventos, ainda que funcionasse ali um mega puteiro, tudo bem! Desde que preservem esse mosaico impecável como está.

Até a próxima!

*Os outros seis "Nationalitätenrestaurant" chamavam-se Budapest (Budapeste), Warschau (Varsóvia), Bukarest (Bucareste), Sofia (Sófia), Praha (Praga) e Morava (Morávia). Todos ficavam em Berlim.

Fontes:
https://de.wikipedia.org/wiki/Caf%C3%A9_Moskau
http://www.cafemoskau.com/history/
https://de.wikipedia.org/wiki/Bert_Heller