Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

A metade azul.

Primeiro nasceu a metade verde. Agora nasce a metade azul.

Enquanto eu estava submersa nessa onda de cor fria, achei graça dos meus vãos esforços em fazer crescer a pilha dos materiais de cores quentes. Nunca aconteceu. A pilha dos materiais azuis é o dobro das outras. Tenho uma lembrança de mim mesma ainda criança e muito consciente da minha predileção pelo azul. Hoje me considero arco-íris, mas admito essa atração azulácea. Já percebi que tenho um certo ciúme das "minhas cores". Outro dia estávamos na estrada, indo ainda mais para o sul e aparece uma placa dizendo que a Bavária é a "terra azul". Fiquei furiosa! Com que direito se auto intitulam azuis? Achei um absurdo. Também teve a vez que precisei trocar meus óculos de sol. Compramos os novos pela internet e ao experimentá-los percebi que o céu ficava muito mais azul. Que alegria! Ando por aí com o olhar altivo (escondido pelas lentes) de quem vê um céu azul que ninguém mais vê. É o meu céu azul. Sentimentos possessivos à parte, vamos a este mar de vidro tão rico e tão profundo...

Eis o topo da garrafa. Gemas de vidro (que amo tanto quanto chocolate), os botões doados na rua, as bijouterias aposentadas, as miçangas (amo tanto quanto café com canela), os espelhos, as pastilhas de vidro, as contas da pulseira nunca usada...

...as conchas também recolhidas das doações de rua - agora também azuis - ladeando as pedras naturais que ganhei da minha mãe para fazer o que quisesse, o vidro fusing...

O coração artesanal comprado na lojinha de vidros artesanais que encontramos em alguma viagem, as pastilhas redondas compradas com desconto porque eram refugo de produção...

...a suavidade da madrepérola que jurei nunca mais comprar por pena das ostras...


...a textura perfeita da concha ressaltada pelo azul que causou inveja nos materiais fabricados pelo homem...

...o caos organizado pela obsessão de detalhes, a conta solitária da época em que comprava potinhos com restos de contas de vidro na região da rua 25 de março só porque achava bonito e sem saber o que faria com aquilo...


...as fatias de rolha decoradas com o fumacê do pirógrafo e decorando as laterais...

...o meu mar azul de recolhimento, minha voz solitária e meu local seguro.

A alegria é (também) azul.

Mais um capítulo foi acrescentado na parede que conta uma história.
Acho que já devo ter comentado recentemente que há algum tempo não compro pastilhas. Entrei numa pira de usar o que tenho até o final. Mas se encontrar alguma coisa na rua vale também (domingo achamos um botão de vidro! :-) ). Isso porque tenho uma sensação constante de que a vida, frágil como só ela, pode se esvair a qualquer instante. Não faz sentido deixar prateleiras e mais prateleiras de material para trás. Quero que todos eles passem pelas minha mãos, pois eu os desejei profundamente no instante da compra. Nessa tentativa de viver a paixão um dia sonhada, percebi que com materiais muito simples dá para chegar em um visual rico, dentro do meu gosto e do meu conceito de riqueza visual. Isso, essa micro sensação de poder e completude, me causou alegria. Por esse momento, sou grata.

Até a próxima!
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Um comentário:

  1. Calço luvas... mas ponho a mão no azul, sim.
    Achei seu trabalho simplesmente azul.
    Beijos

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