Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Em agradecimento.

    Acho que foi há uns quatro anos que pedi aos amigos e parentes que, na ocasião do meu aniversário, trocassem as felicitações por uma boa ação. Valia qualquer coisa dentro do esquema "aquilo que o seu coração mandar". Alguns me contaram depois as escolhas feitas e achei um grande barato perceber que todo mundo voltou o olhar, a emoção, o tempo para uma pessoa. Alguém poderia, por exemplo, recolher o lixo do chão de uma praça próxima. Contudo a maioria optou por cuidar de alguém das mais diferentes formas que você possa imaginar.
    Faz muito sentido este senso interno de se ligar à necessidade do outro, num processo empático e profundo. Isto é tão natural que automaticamente somos invadidos por uma sensação de bem-estar quando fazemos algo por alguém. Sim! Praticar o bem faz parte daquilo que somos!
    Espremendo a memória para buscar quando experimentei esta sensação pela primeira vez, achei um eposódio que me marcou. Lembro que separei alguns briquedos para levar a umas crianças de uma família assistida pela Sociedade São Vicente de Paulo. Meu pai é Vicentino há 326 anos e, quando eu era criança, me levava a algumas das visitas que faziam às famílias carentes. Eu já tinha visitado aquelas crianças uma vez, então a ação tinha um rosto. Escolhi os briquedos que já não eram prediletos e uma bonequinha que ainda era querida, mas como eu tinha tantas e aquelas meninas nenhuma, me senti convicta de que deveria doá-la. No dia da visita a minha expectativa era grande, queria ver o tamanho da alegria gerada pelos brinquedos. Se as crianças gostaram? Sim. Vibraram? Não. Uma das meninas pegou a bonequinha, aquela, e colocou dentro de uma gaveta, junto a outros briquedos sujos e faltando partes e me chamou para brincar (sem briquedo nenhum) fora do barraco. Fiquei frustrada, com saudade da bonequinha, com vontade de pegá-la de volta e com vergonha de sentir isso. Na época foi tudo o que consegui metabolizar do fato. Hoje acredito que isto ilustra muito bem a máxima que ensina a fazer o bem e ponto final. Faça o bem porque você vai se sentir bem, pois o que vai acontecer com quem recebe nós não controlamos. Ah! E, mais importante, não faça nada esperando qualquer coisa em troca. Muitas vezes o que é dado não encaixa na necessidade do momento daquele que é beneficiado. Não é que aquilo não lhe será útil, mas naquele instante a pessoa enxerga outra prioridade. Só agora percebo que a menina preferiu brincar comigo, que estava lá naquele momento, do que brincar com a boneca recém herdada.
    Outras tantas vezes pude sentir aquele calor no peito de quem está salvando o mundo, como quando passei a separar o lixo reciclável, quando consegui ensinar isto a umas duas pessoas, quando recolhi cocô de cachorro sob os olhares de nojo de quem estava passando, etc. Mas o que teve significado mais forte foi doar sangue. A primeira vez foi aos 19 anos, primeiro ano de faculdade, numa campanha para ajudar a mãe muito doente de um aluno que precisava de nada menos do que 14 doadores. Depois daquele dia fiz doações aqui e ali, mas só me tornei uma doadora assídua há oito anos, quando me cadastrei em um banco de sangue que não espera você lembrar que pode doar. Eles ligam sempre que há necessidade, ou seja, sempre. Foi ali que comecei a doar plaquetas e hoje faço muito mais esta doação do que a de sangue, ainda mais porque a periodicidade pode ser muito maior. Hoje sinto como uma obrigação moral. Acho indecente, ingrato não fazê-lo. Olhe para nós: qual grande problema temos? O que acontece nas nossas histórias acontece na de todo mundo e isto se chama vida. Então, se você reune as condições necessárias para ser um doador não perca tempo esperando as condições ideais de temperatura e pressão. Levante as mangas! Claro que tudo não é assim lindo e maravilhoso. Tem aquele questionário deprimente: tem tatuagens? Não. Piercing? Não. Já esteve na África? Não. Já esteve preso? Não. Usa ou já usou drogas injetáveis? Não. No último ano fez sexo com desconhecidos? Não. Já morou em área rural? Não. Possui comportamento de risco? Não. Já...tudo bem Adriana? Não. Acabo de perceber como a minha vida é sem graça! Ah, mas pelo menos você poderá ajudar de 7 a 14 pessoas com a sua doação. Quantas? É, então valeu a pena meu esforço para não ir em cana por fazer sexo com um monte de gente enquanto fazia tatuagens nas áreas rurais da África.

Minha sugestão? Você pode doar AQUI




4 comentários:

  1. Bem, acredito que seja louvável a sua indicação, contudo, face ao seu aniversário que se aproxima, sinto-me constrangido em não realizar qualquer ato destes acima indicados, com relação à doação de sangue, já fiz, mas, em virtude de alguns problemas não será possível neste momento, acredito que o atendimento semanal de pessoas carentes não deve contar por ser uma realização periódica, pensei na doação de alguns objetos a pessoas carentes e conclui que isto também não seria uma ajuda válida uma vez que geralmente se doa o que não se usa e isto também é uma prática quase que corriqueira, veio a minha mente outro tanto de coisas no mesmo sentido, mas que são periódicas e por serem recorrentes acredito que a validade seria duvidosa, então, decidi fazer algo direcionado e que não faço há algum tempo e realizarei também em sua homenagem, então fica o meu compromisso de doação de uma cesta básica para a Igreja local neste mês e em homenagem a sua passagem natalina. Antecipado, feliz aniversário.

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  2. Querida Adriana, passei para deixar um beijo.
    Hoje não me sinto bem, não estou no meu normal... será alguma virose chata?
    Vou voltar com a calma que tu me mereces.
    BEijo

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  3. Oi Flor! Sensacional a passagem do questionário, dei risada! Quanto ao conteúdo do texto, nao poderia esperar nada diferente de você!
    Beijos!

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  4. Adriana, você acabou de fazer uma doação ... do seu tempo, de um pouco de ti. Senti que tive a sorte de ser o objeto dessa doação enquanto lia o teu texto.

    Palavra por palavra, frase por frase, concordo contigo.

    Ser correta, ser solidária, praticar o bem está na nossa natureza.É fácil!
    É como dizer a verdade... é muito mais fácil ser verdadeira do que mentir, porque, outra vez, está na nossa natureza.

    Ser generosa, militantemente generosa, sinto que não pertenço ao teu patamar. Mas o que eu tenho aprendido, amiga, como tenho evoluído ... inacreditável, o processo.

    Aqui, diz a sabedoria popular que "quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita" e, infelizmente, tenho testemunhado o quanto esse aforismo é assertivo. Felizmente, " o tarde" do provérbio confirma que é a excepção que confirma a regra. Eu sou excepção, eu evoluo, eu aprendo eu quero melhorar porque eu quero ser feliz.

    Adriana, gosto muito da pessoa que és tu, gosto muito de ti, aprendo muito contigo.
    Adriana, eu te amo, no sentido amplo da frase, suportada pelo mandamento " ama o próximo como a ti mesmo"

    Beijo

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