Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Santo de casa faz par de vaso.

Parece uma manchete criminal, mas é apenas uma alegre notícia. Diz o ditado, e ditados são sempre sábios, que santo de casa não faz milagre. Eu concordo 80% com isso. Não é que o santo não faça seus milagres em casa e ponto final. É que o santo geralmente está ocupado fazendo milagres por aí, mas quando calha de dar certo, não tenha dúvidas, ele fará um milagre em casa sim!

Pode parecer absurdo, mas para mim é relativamente recente ter olhos de posse para as coisas que eu faço. Isso significa que, a despeito de toda a paixão envolvida, as crias sempre eram para o mundo. Meu único desejo era que elas seguissem seu caminho em companhia de alguém que as valorizassem tanto quanto eu, alguém que se encantasse com elas a cada novo olhar, assim como eu sempre me encanto. De uns anos para cá aquela parte de criar para mundo tem se mostrado um tanto diferente e comecei a cultivar um sonho absurdamente comum para quem faz mosaico - morar dento de um, ou seja, ter uma casa forrada, abarrotada, entupida de mosaico. Antes eu pensava que isso seria reservado a um futuro tão, tão distante, que eu não precisaria fazer nada agora. Só que, veja que coisa, eu mudei. Quero quase tudo para mim e faço quase tudo para mim. De um momento para o outro o futuro não parece mais tão distante. Inclusive, parece que uma pontinha dele já está virando presente agora mesmo, enquanto conversamos. Não chega a ser um desespero ou o refinado senso de urgência. É mais como uma prioridade mesmo.

Enquanto não posso revestir paredes, tetos e pisos, vou multiplicando os objetos para poder carregar comigo esse mundo de vidro que faz minha alma cascuda florescer. "E o desapego às coisas materiais?", você deve estar se perguntando. Honestamente, acho que todo mundo tem um apego nessa vida. Melhor dizendo, temos apegos e desapegos seletivos. Você não vai me ver colecionando sapatos ou bolsas ou maquiagens. Mas não ouse olhar torto para o meu universo de vidro. Ele é sagrado para mim. Estou bem consciente que caixão não tem gaveta, mas em minha defesa digo que meu apego é com coisas que foram feitas para durar por gerações e gerações.

Argumento apresentado, defesa feita, vamos aos fatos. Dei-me de presente dois vasos. Para minha alegria, há muito mais luz onde moramos agora. Então posso novamente cultivar minhas plantinhas, observar seus ciclos e bater aquele papo gostoso durante a rega. As plantas que ganharam nova moradia são sobreviventes das trevas de Berlim. Foram companheiras fiéis e a singela homenagem é o mínimo que eu poderia fazer por elas.

Para revestir os vasos de cerâmica usei tampinhas, miçangas e pastilhas de vidro. A escolha da cor foi de acordo com um critério sem critério. Eu olhei para a prateleira de materiais e vi que a coluna das pastilhas azuis era a mais alta. Escolhi três tons e pronto. A parte não revestida, pintei de dourado porque aqui é leão, amores! Tudo bem que o ascendente em libra dá uma acalmada, mas não o suficiente para eu deixar de enfiar um dourado em tudo. Pode reparar. Vamos lá? Vaa-moooos!!!

Este foi o primeiro. Aqui você pode ver as quatro tampinhas diferentes e o revestimento nesse movimento circular que é delicioso de olhar.

Este foi o segundo, um pouco maior que o anterior. Além das tampinhas, o colorido também veio de pastilhas escolhidas ao acaso, diretamente do pote de pastilhas órfãs, ou seja, últimas sobreviventes de uma placa inteira.

Minhas amigas replantadas na suas respectivas novas casas.
Não sei se acontece com mais pessoas, mas depois que termino um trabalho e o mosaico está no lugar ao qual foi destinado, sempre dou uma piscadinha quando passo por ele. É o micro gesto que diz "ficou bacana, hein?", numa relação de cumplicidade entre criador e criatura, relação que guarda os segredos mais profundos e delicados, que guarda o amor de quem conhece as falhas do outro, mas esse saber só faz aumentar o amor. Estou ficando louca? Acho que não...enlouqueci já há algum tempo.

Até a próxima!
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2 comentários:

  1. Texto delicioso e mosaico lindo. Compartilho da maioria das suas reflexões. Parabéns e muitas felicidades no novo lar. E, por favor, continue nos brindando com sua arte escrita e "mosaicada"! bjs

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    1. Oi, Sônia!Tudo bem? É uma prazer ter a sua companhia nessa caminhada. Obrigada pelo carinho! Um grande abraço!

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