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Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

A qual espécie pertencemos?

    Não conhceço todo o planeta, nem todas as diferentes culturas existentes e tampouco sou especialista em sociologia e antropologia. Entretanto acho que talvez não seja adequado ainda classificar seres como nós de humanos, pois toda vez que utilizamos o termo existe uma conotação positiva. Você diz que alguém é muito humano quando quer dizer que aquela pessoa se importa com as questões que a rodeia, não é indiferente aos problemas do mundo e não se esquiva da responsabilidade que tem na solução dos mesmos problemas. Então realmente precisamos de um novo termo.
    Pense, por favor, em um termo que possa definir um ser que acredita ser superior não só às demais espécies com as quais divide a existência, mas superior aos seus iguais. Pense numa definição precisa para um ser que encontra prazer no sofrimento do seu semelhante, que cultiva fascínio em ver desgraças, catástrofes, acidentes e acha tanta graça em ver pessoas se ferindo que produz programas, filmes e cria esportes só para mostrar isso. Defina a espécie que é capaz de destruir tudo ao seu redor ainda que isso signifique a sua própria destruição.
    Vivemos um grande dilema de falta de identidade pois o que vivenciamos está em desacordo com a nossa natureza. E este fingimento parece ser infinito! Somos seres que arrumam justificativas para tudo com o intuito único de permanecer na comodidade e no egoísmo. Qual outra espécie faz isso? Este comportamento é atestado de inteligência? Sim, porque sempre há o sujeito que dirá que os "humanos" são superiores graças à sua capacidade de raciocínio. Então tenho uma notícia para você, pessoa graduada, pós-graduada, mestre, doutor, fluente em cinco idiomas, com um curriculum resumido de dez páginas: se fosse deixado na selva, é bem provável que morresse. Já o nosso irmão gorila, não. Isso significa que a validade do conhecimento é relativa. A sua especialização em liderança e o seu MBA (aquele...) em marketing corporativo não lhe ajudariam a encontrar alimento ou a ficar a salvo dos seus predadores quando estivesse na selva. Este conhecimento acumulado só lhe serve num meio muito específico. E nem precisa ir tão longe. Não lhe torna capaz de perceber que seu filho ficou magoado quando não recebeu seu apoio na apresentação de fim de ano da escola. Se a nossa capacidade de armazenar novos conhecimentos não nos torna invulneráveis, onde exatamente está a superioridade? Na cidade você pode ter vantagem sobre o gorila, mas na selva é ele quem leva a melhor. Então é uma questão de ser diferente.
    De onde vem esta arrogância inerente à nossa espécie? Eu acredito que seja uma reação imediata à percepção da própria vulnerabilidade e da incapacidade de conviver. Sim, não somos capazes de estabelecer um convívio equilibrado com os demais seres da mesma espécie e muito menos com os de outras espécies. Atacamos para nos defender. De novo, isso não me parece muito inteligente. Sempre imaginei que nossa capacidade de raciocínio nos tivesse sido dada para que aprendêssemos sobre nós mesmos, para que entendêssemos as emoções que sentimos, das mais punjentes às mais sutis, para que fôssemos capazes de entender o que não é dito e de dizer apenas com o olhar, para que pudéssemos nos colocar no lugar do outro e assim compreendê-lo melhor, amá-lo apesar de tudo e, principalmente, perdoá-lo. Para que pudéssemos perceber nossos erros, corrigí-los, pedir desculpas e tentar melhorar sempre. Para que buscássemos a evolução.
    Com toda esta "superioridade" de raciocínio que temos, ainda não consigo entender porque fazemos o que fazemos com nós mesmos e com tudo à nossa volta. Enquanto não estivermos dispostos a perceber que somos apenas diferentes e não melhores não enxergo esperança para esta espécie que ainda chamam de humana.

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