Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Para cima é que se anda.

    Dias atrás fui levar meu quadro feito no curso de Smalti Orsoni para colocar a moldura. Não o faria tão já se não fosse a reunião que faremos dentro de dez dias para trocarmos elogios e enaltecer a indizíveis qualidades de nossa Majestade, O Smalti.
    Transportei a minha peça como se fosse um órgão a caminho do transplante e fui a pé até a loja para não sacolejar minha preciosidade no precário asfalto da cidade. Uma vez no balcão, desembalei-a com cerimônia, já esperando um uníssono "OOOH!", que não veio. O Senhorzinho que me atendia olhava, franzia a testa, testava molduras de diferentes larguras, coçava a cabeça, até que perguntou: "Foi a senhora que fez?". Desabrochei no meu maior sorriso e respondi como quem tem Smalti sobrando em casa: "Sim, sim!". Silêncio. Silêncio. Eu ainda sorrindo. "A senhora não vai rejuntar?". Quase num resmungo  lhe expliquei que com aquele tipo de material não se utiliza rejunte e fiquei procurando um lugar para enfiar a minha cara de cocô. Não só ele não conhecia o Smalti como não disse que aquele quadro era o mais belo que havia visto em toda a sua vida e que seus dias jamais seriam os mesmos depois desta visão do paraíso. Ocorre que cultivo de forma desavisada um doentia ilusão na qual virá um ser que tecerá elogios infindáveis sobre algo no qual eu só coloco defeitos. Caí do burro.
    Mas esta pseudo esnobada me fez ficar mais coruja com a minha obra, seguindo a linha "se você não gostar de você mesmo, não tem como os outros gostarem". Fui buscá-la dias depois e achei que ficou ainda mais linda. Agora fizemos as pazes e finalmente consigo ver o todo, tirando o foco dos erros de execução. Sim, apesar de não conhecer nossa Majestade, O Smalti, o pessoal da loja trabalhou muito bem e foram muito atenciosos com a minha recomendação expressa de guardar qualquer pecinha que caísse, por menor que fosse. Porém o Senhorzinho colocou o gancho de forma que a cobra ficava de cabeça para baixo. Pedi para mudar. "Ah, ela está subindo?". Opa! Quando o assunto é cobra e ela me diz respeito, é sempre subindo, meu Senhor! Sempre subindo!
    Alguém aí discorda?


Um comentário:

  1. Adriana, espetacular!!! Ainda não parei de rir. Ri contigo porque, rio muito de mim própria que tenho um talento especial para me encrencar com os seres mais inesperados.
    O meu marido vive repetindo que a culpa é toda minha porque "lhes dou corda". Deve ter razão, mas não resisto.
    Acho que em mim habita uma artista de circo engolidora de facas que, quanto mais inusitada é a situação, mais se deslumbra e dança conforme a música.
    Acredita que, num restaurante, sendo atendida pelo mais inocente e desmiolado dos empregados, fui, a bem dizer, pedida em casamento? O rapaz chama-se Nuno( e podia ser meu filho) e sempre que nos vê, adverte o meu marido:
    O senhor Carlos ( o meu marido chama-se Francisco!) é que tem sorte!!! Já não há mulheres como a sua senhora!
    E eu dou-lhe corda.
    Beijos, querida.
    Nina

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